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EUA entram na guerra contra o Irão e bombardeiam três alvos nucleares | Médio Oriente

Os Estados Unidos da América entraram esta madrugada na guerra que opõe Israel e Irão ao bombardearem três alvos ligados ao programa nuclear iraniano, entre os quais as instalações de Fordow, uma fortaleza subterrânea numa região montanhosa. O ataque foi inicialmente confirmado por Donald Trump através da rede social Truth Social e mais tarde objecto de uma declaração aos norte-americanos a partir da Casa Branca, com o Presidente dos EUA a afirmar que a operação foi um “sucesso militar espectacular” e que Washington e Israel trabalharam “como uma equipa”.

Numa primeira reacção oficial iraniana, o Ministério dos Negócios Estrangeiros declarou que “os acontecimentos desta manhã são revoltantes e terão consequências duradouras”, e que “ao abrigo da Carta das Nações Unidas e das suas provisões que permitem uma resposta em legítima defesa, o Irão reserva todas as opções para defender a sua soberania, interesses e povo”. Na televisão estatal de Teerão, um comentador disse que todos os civis e militares norte-americanos no Médio Oriente serão considerados um alvo legítimo de represálias. E no Iémen, os rebeldes houthis declaram que a trégua recentemente declarada encontra-se suspensa e que se juntarão às acções retaliatórias iranianas.

Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu elogia um ataque que diz “criar uma inflexão na história que pode ajudar a guiar o Médio Oriente e mais além a um futuro de prosperidade e paz”. António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, considerou a acção “uma escalada perigosa” e “uma ameaça directa à paz e segurança internacional”.

O ataque foi confirmado por Trump por volta das 19h50 de sábado de Washington (00h50 de domingo em Portugal continental). “Completámos o nosso ataque muito bem-sucedido a três alvos nucleares no Irão, incluindo Fordow, Natanz e Isfahan. Todos os aviões estão agora fora do espaço aéreo iraniano. Uma carga inteira de bombas foi largada sobre o alvo principal, Fordow. Todos os aviões estão agora em segurança e a caminho de casa. Parabéns aos grandes guerreiros americanos. Não há outra força militar no mundo que pudesse fazer isto. Agora é o tempo para a paz!”, escreveu o Presidente dos EUA na Truth Social.





Três horas mais tarde, e ladeado pelo vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, pelo chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, e por Pete Hegseth, secretário da Defesa, Trump fez uma declaração a partir da Casa Branca, afirmando que os alvos dos bombardeamentos foram “totalmente obliterados”.

“O nosso objectivo era a destruição da capacidade iraniana de enriquecimento nuclear e travar a ameaça nuclear representada pelo maior apoiante estatal de terrorismo do mundo. Esta noite, posso anunciar ao mundo que os ataques foram um sucesso militar espectacular. (…) Irão, o bully do Médio Oriente, deve agora acordar a paz. Se não o fizer, os próximos ataques serão muito maiores e muito mais fáceis”, acrescentou.

“Ou vai haver paz, ou vai haver uma tragédia para o Irão, muito maior do que aquilo a que assistimos ao longo dos últimos oito dias. Lembrem-se, ainda sobram muitos alvos”, ameaçou, dizendo ainda que Israel e os EUA trabalham “como uma equipa”.

Durante a noite, nova mensagem na Truth Social: “Qualquer retaliação pelo Irão contra os EUA terá como resposta uma força muito maior do que a que vimos esta noite.”

Ataque-surpresa

O ataque desta madrugada envolveu aviões bombardeiros B-2, que terão voado 37 horas a partir da sua base de Whiteman, estado norte-americano do Missouri, tendo sido reabastecidos várias vezes em pleno voo, diz fonte do Pentágono ao New York Times. Foram pela primeira vez utilizadas bombas GBU-57 MOP de 14 toneladas cada, as únicas armas capazes de atingir instalações subterrâneas de grande profundidade como Fordow.

O timing da acção surpreendeu a maior parte dos observadores, incluindo a imprensa norte-americana, dado o prazo de “duas semanas” indicado por Trump para uma tomada de decisão sobre um eventual ataque norte-americano ao Irão, bem como o tempo necessário para a deslocação de meios estratégicos para o Médio Oriente. O porta-aviões USS Nimitz ainda se encontra a caminho da região, vindo do Leste asiático. Vários aviões de reabastecimento estavam ainda a atravessar o Atlântico, incluindo através da base das Lajes, nos Açores. Fora contudo noticiada este sábado a partida dos B-2, as únicas aeronaves capazes de lançar as bombas GBU-57 MOP. Mas estas movimentações eram até há poucas horas tidas como uma possível demonstração de força e não como um sinal de ataque iminente.

Esse ataque, no entanto, poderá ter sido precipitado pelo facto de Israel ter comunicado à Administração Trump que não iria esperar as referidas “duas semanas” para que o Irão regressasse à mesa de negociações e acordasse renunciar às partes mais sensíveis do seu programa nuclear, escreve a Reuters. Benjamin Netanyahu, o ministro da Defesa Israel Katz e o alto responsável das Forças Armadas hebraicas Eyal Zamir participaram numa chamada telefónica com a Casa Branca nos últimos dias, tendo expressado a opinião de que havia uma curta janela de oportunidade para atacar Fordow, a jóia da coroa do programa nuclear iraniano. Já esta madrugada, Netanyahu agradeceu a acção norte-americana. “Presidente Trump, eu agradeço-lhe; o povo de Israel agradece-lhe”, declarou numa mensagem vídeo difundida nas redes sociais.

Esta noite, e a braços com várias frentes de conflito, Israel elevou o seu nível de alerta e proibiu todas as actividades não essenciais no país, incluindo deslocações para o emprego, actividades educativas ou qualquer tipo de ajuntamento. O espaço aéreo israelita foi encerrado.

Fordow, fortaleza nuclear

O principal alvo da operação norte-americana desta madrugada era o único que a aviação israelita não seria, em teoria, capaz de atingir. A central de enriquecimento de urânio de Fordow localiza-se dentro de uma montanha e está protegida por paredes de betão com espessuras de 80 a 90 metros.

Esta instalação onde, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA), estão instaladas actualmente 1740 centrifugadoras usadas no enriquecimento de urânio, situa-se a menos de 40 quilómetros da cidade sagrada de Qom, lugar de peregrinação para os xiitas, e está protegida por um grande perímetro de segurança.

Não é conhecida a dimensão dos eventuais danos causados em Fordow, Natanz e Isfahan, mas a Organização Iraniana de Energia Atómica confirma que os três alvos foram atacados “num acto violento contra as leis internacionais, incluindo o Tratado de Não-Proliferação Nuclear”. Não haverá, no entanto, sinais de fuga radioactiva nos três locais atacados esta noite pela aviação norte-americana, indica a agência noticiosa estatal iraniana IRNA.

Concretizado o ataque, as atenções viram-se agora para uma eventual resposta iraniana. Na televisão estatal de Teerão, entre mensagens de condenação da acção norte-americana e ameaças a civis e militares dos EUA na região, exibia-se um mapa das bases de Washington no Médio Oriente que poderão estar na mira de uma acção retaliatória, nomeadamente no Golfo Pérsico (incluindo no Kuwait, Bahrein, Qatar e Emirados Árabes Unidos) e no Iraque. Os EUA mantêm mais de 40.000 militares na região.

Trump não pediu autorização ao Congresso

Em Washington, a decisão de atacar o Irão não passou formalmente pelo crivo do Congresso, a quem o Presidente norte-americano tem o dever constitucional de solicitar autorização, com a excepção de circunstâncias de ameaça iminente aos EUA. “O Presidente Trump enganou o país sobre as suas intenções, não procurou obter a autorização do Congresso para utilizar forças militares, e arrisca enredar a América numa guerra potencialmente desastrosa no Médio Oriente”, declarou o líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries. “Isto não é constitucional”, criticou também o congressista republicano Thomas Massie, uma das figuras ‘rebeldes’ do partido. “Grosseiramente inconstitucional”, reforçou, a partir de um comício no Oklahoma, o senador independente do Vermont, Bernie Sanders.

Alexandria Ocasio-Cortez, congressista da ala esquerda do Partido Democrata, foi mais longe e sugeriu já esta noite que Trump poderá ser alvo de impeachment, de julgamento com eventual perda de mandato. “A decisão desastrosa de bombardear o Irão sem autorização é uma grave violação da Constituição e dos poderes de guerra do Congresso. De forma impulsiva, arriscou lançar uma guerra que poderá enredar-nos durante gerações. É absolutamente e claramente motivo de impeachment“, escreveu nas redes sociais.

No entanto, outros membros republicanos de ambas as câmaras do Congresso, incluindo os líderes da maioria republicana da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, e do Senado, John Thune, dizem ter sido informados pela Casa Branca. E celebra-se o ataque. “Deve servir como um aviso claro aos nossos adversários e aliados que o Presidente Trump fala mesmo a sério”, disse Johnson. “Este regime mereceu-o”, declarou o senador Lindsey Graham, há vários anos um dos maiores partidários de uma acção militar norte-americana contra o Irão. Mas a informação passada a membros das bancadas republicanas não substitui legalmente um pedido formal de autorização.

No campo democrata, pelo menos uma voz favorável ao ataque: a do senador John Fetterman, da Pensilvânia, um destacado apoiante de Israel para quem a decisão de bombardear o Irão foi “a acção correcta”.

Sondagens desfavoráveis

A acção militar é susceptível de intensificar divisões internas no movimento MAGA. Trump regressou à Casa Branca depois de ter feito campanha contra o intervencionismo norte-americano, defendendo uma postura isolacionista. Para apoiantes do Presidente como o comentador Tucker Carlson ou a congressista Marjorie Taylor Greene, essa postura implicaria não só um menor envolvimento dos EUA na Europa, como também no Médio Oriente, apesar da aliança histórica com Israel. Nos últimos dias, estes e outros nomes criticaram a possibilidade de Washington entrar activamente no conflito entre o aliado hebraico e o Irão. “Esta não é a nossa luta”, voltou a escrever esta noite, nas redes sociais, a congressista Greene.

O envolvimento dos EUA numa nova guerra no Médio Oriente não é também um cenário popular entre o eleitorado norte-americano. Esta semana, e antes do ataque desta madrugada, um inquérito do Washington Post indicava que apenas 25% dos norte-americanos defendia a entrada do país no conflito entre Israel e o Irão. Uma sondagem da YouGov, dias antes, indicava um valor ainda mais baixo: 16% dos inquiridos a favor, 60% contra e 24% indecisos.

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