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Análise
A decisão de Donald Trump de levantar as sanções à Síria tem efeitos imediatos nas dinâmicas regionais. diz o jornalista da TSF e comentador da SIC Ricardo Alexandre.
O levantamento de sanções pelos EUA relança papel de Damasco no Médio Oriente, mas a mistura de interesses políticos e familiares na administração Trump levanta sérias dúvidas sobre motivações e consequências, sublinha Ricardo Alexandre.
“Israel e Turquia vão ficar obviamente mais constrangidas no sentido de estar a atacar um país cujo governo acaba de ser fortemente legitimado, se quisermos, pelos Estados Unidos”.
Trump justificou o levantamento das sanções dizendo que queria “dar à Síria uma oportunidade de grandeza” – uma frase que deve ser lida à luz dos interesses estratégicos sauditas e dos negócios da família Trump na região.
“É uma vitória da diplomacia saudita, não deixa de ser também uma vitória do próprio governo de Ahmed al-Chaara. É uma oportunidade para a Síria poder respirar melhor e estabilizar o país, embora com alguns retrocessos, alguns ataques a minorias, como sabemos, já com dezenas de mortes. Portanto, nem tudo é preto e branco”.
Negócios de família no Golfo
O gesto político surge num contexto em que os negócios da família Trump no Médio Oriente se multiplicam.
“Temos uma família com negócios em rápido crescimento no Médio Oriente. O Eric Trump esteve lá recentemente e anunciou a construção de uma torre Trump com 80 andares no Dubai. Aceitaram uma oferta de 400 milhões de dólares de um avião do Qatar como se fosse a coisa mais natural do mundo”.
Para o jornalista, esta diplomacia de bastidores assenta numa lógica onde se misturam política e interesses privados:
“Famílias com negócios no Médio Oriente, cujo patriarca é o homem que manda no governo dos Estados Unidos, a fazerem negócios numa região cujos líderes gostam muito deste tipo de relações: da obtenção de favores através de somas avultadas de dinheiro e luxuosos presentes.”
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