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EUA: “Vistos de Platina” para cientistas | Opinião

Logo após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram um programa de recrutamento de cientistas europeus chamado “Operação Paperclip”. Mais de um milhar de cientistas europeus, muitos provenientes da Alemanha nazi, iniciaram uma vida nova com as suas famílias num ambiente próspero e liberal. Este movimento foi fundamental para o avanço científico e tecnológico dos Estados Unidos nas décadas seguintes, em especial nos domínios aeroespacial e militar, estabelecendo o país como uma potência científica global.

Um país que sabe aproveitar as oportunidades que a história lhe oferece pode num curto período obter vantagens consideráveis com impactos duradouros.

A nova Administração norte-americana, desde que tomou posse há algumas semanas, tem tomado uma série de medidas restritivas à atividade científica e à autonomia de agências regulatórias e de instituições de investigação ligadas ao governo federal. Entre as ações mais controversas estão a censura de relatórios científicos, cortes em programas de investigação aplicados por motivos ideológicos, as saídas da Organização Mundial da Saúde e do acordo climático de Paris, e a ausência em reuniões do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC).

Estas medidas têm gerado grande incerteza e preocupação entre os cientistas americanos. Um editorial recente da revista Nature denuncia este ataque à ciência, destacando a extensão dos danos causados, que são de valor incalculável, tanto para os próprios Estados Unidos, como para o mundo.

Este cenário abre uma janela de oportunidade para Portugal e para a União Europeia atraírem cientistas americanos para este lado do Atlântico. Um programa agressivo de recrutamento que ofereça vistos de residência a cientistas, incluindo os seus familiares e equipas, proporcionando-lhes um ambiente mais favorável para fazer investigação científica, pode ter sucesso. Uma iniciativa desta natureza poderia ser chamada “Vistos de Platina” e incluir benefícios fiscais e medidas facilitadoras da integração dos beneficiários na comunidade científica nacional. Obviamente, esta operação deve dirigir-se também a cientistas europeus radicados nos Estados Unidos.

Portugal é reconhecido como um país seguro, com uma qualidade de vida elevada, um clima ameno e muitas escolas internacionais de alta qualidade, o que facilita a integração das famílias destes novos imigrantes. Já desde 2019, o pedido de vistos de residência por cidadãos norte-americanos tem crescido significativamente, o que confirma a perceção de sermos um país bom para viver e trabalhar.

Num início de ano marcado por grande incerteza na arena internacional, em que tudo é posto em causa, temos esta inesperada oportunidade para reforçar a ciência em Portugal e passar a mensagem de que defendemos uma investigação científica livre, íntegra e ao serviço de todos. Devemos agir depressa, pois estaremos em competição com outros neste desígnio.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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