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A empresa é acusada de marketing enganoso e venda de tratamentos opiáceos desde 2005, contribuindo para a prescrição excessiva e desvio para o mercado ilegal.

Jose A. Bernat Bacete/GettyImages
A empresa norte-americana de medicamentos genéricos Mylan concordou pagar até 335 milhões de dólares aos Estados Unidos pelo seu papel na crise dos opiáceos que, desde 1999, matou centenas de milhares de pessoas no país.
“A Mylan comercializou de forma enganosa os seus tratamentos à base de opiáceos como sendo seguros, apesar de saber que seriam utilizados de forma abusiva e vendidos ilegalmente”, afirmou a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, num comunicado.
A empresa chegou a um acordo que prevê um pagamento de até 335 milhões de dólares (aproximadamente 306 milhões de euros) ao longo de nove anos com os procuradores-gerais de quinze estados norte-americanos, liderados pelo estado de Nova Iorque.
A empresa é acusada de fabricar e vender vários tratamentos opiáceos a partir de 2005, incluindo adesivos genéricos de fentanil, oxicodona, hidrocodona e buprenorfina.
“A empresa alimentou a crise dos opiáceos através da comercialização direta junto dos médicos, o que conduziu a uma perigosa prescrição excessiva e ao desvio dos seus opiáceos para o mercado ilegal de drogas”, refere o comunicado.
A ação foi intentada pela Califórnia, Illinois, Massachusetts, Carolina do Norte, Oregon, Tennessee, Utah e Virgínia, em coordenação com os procuradores-gerais do Colorado, Delaware, Geórgia, Idaho, Iowa e Vermont.
O laboratório fez em 2020 uma fusão com a Upjohn – uma filial da Pfizer especializada em medicamentos não patenteados – para se tornar a Viatris.
Até à data, o Ministério Público cobrou mais de 3 mil milhões de dólares a empresas ligadas a esta crise, nomeadamente laboratórios farmacêuticos – como a Purdue Pharma, que se considera ter desencadeado a crise – mas também distribuidores de medicamentos, como a CVS, Walgreens, Walmart, uma filial do gigante publicitário francês Publicis e a empresa de consultoria McKinsey.
Em 24 de janeiro o laboratório norte-americano Purdue Pharma chegou a um acordo com quinze Estados norte-americanos, segundo o qual terão de pagar um total de 7,4 mil milhões de dólares pelo seu papel na crise dos opiáceos.
A mesma procuradora de Nova Iorque informou num comunicado que o acordo previa que a família Sackler, proprietária da farmacêutica, pagasse até 6,5 mil milhões de dólares ao longo de quinze anos e o laboratório farmacêutico 900 milhões.
De acordo com dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla inglesa), cerca de 727.000 pessoas morreram no país entre 1999 e 2022 devido a uma overdose ligada à ingestão de opiáceos, obtidos com receita médica ou ilegalmente.
Pela primeira vez desde 2018, o número de mortes ligadas a opiáceos (principalmente fentanil) diminuiu ligeiramente em 2023.
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