O Benfica foi melhor que o FC Porto em todos os parâmetros do jogo, individuais, coletivos, estratégicos e táticos, e saiu do Dragão com um resultado histórico que, quanto muito, terá pecado por escasso…
Quando, estavam jogados apenas 45 segundos, Pavlidis, após assistência de Akturkoglu, colocou o Benfica na frente, o capitão do FC Porto disse aos seus companheiros (o que a TV mostra…) «temos muito tempo.» Em tese, sim, na prática, não, porque a equipa de Bruno Lage arrancou para uma exibição que chegou a ter momentos de brilhantismo, e desmontou, peça a peça até não restar nada, a organização engendrada por Martin Anselmi.
O grego fez história ao marcar três golos no Dragão e até podia ter feito mais; Otamendi agregador, Aursnes espartano, Di María inspirador e Akturkoglu endiabrado; foi demasiado Benfica para tão pouco FC Porto
E se nos primeiros 45 minutos até pode falar-se de um Benfica mais de contenção e contra-ataque – basta dizer que os donos da casa andaram sempre longe do perigo (e o que potencialmente criaram deveu-se a falhas individuais de António Silva, Di María e Florentino), enquanto que, além dos dois golos, os benfiquistas ainda tiveram duas bolas no poste esquerdo da baliza de Diogo Costa – já a história na metade complementar escreveu-se com tinta encarnada: foi um banho de bola tremendo, e à medida que o Benfica crescia em confiança e se assenhoreava do comando da partida, os dragões desarticularam-se, deram espaço entre linhas, e quando Pavlidis se tornou no primeiro jogador do Benfica a fazer um ‘hat-trick’ em casa do FC Porto, ninguém terá ficado surpreendido.
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E se dúvidas houvesse, a forma personalizada como o Benfica reagiu ao 1-3, surgido contra a corrente doo jogo, aproveitando espaços e querendo mais, disse tudo, com Nico Otamendi a fechar a goleada em 4-1, o mesmo score verificado na Luz, na primeira volta. O Benfica, para já, dorme na liderança, e segunda-feira logo se verá em Alvalade, após um jogo entre Sporting e SC Braga que vale para o campeonato do título e para o campeonato do pódio.
BENFICA AO VOLANTE DO JOGO
É verdade que marcar logo no primeiro minuto ajuda a aumentar os níveis de confiança, mas a equipa de Lage, de facto, trazia a lição bem estudada e não só manietou ofensivamente o FC Porto, como criou sucessivas jogadas de perigo iminente. E como? Perante o 3x4x3 de Anselmi, que sofreu do pecado original de deixar avenidas nas costas de João Mário e Francisco Moura, que nem Pérez nem Marcano eram capazes de tapar, o Benfica foi extremamente plástico, adaptando-se às várias fases do jogo.
Guarda-redes evitou resultado mais pesado e não teve, praticamente, ajuda, a não ser do poste esquerdo; desinspiração geral que nem o golo de Samu disfarçou
Quando o FC Porto saía a jogar de trás, os encarnados apresentavam-se em 4x4x2 com as linhas muito juntas, ocupando-se Aursnes do apoio a Pavlidis, na frente, enquanto se formava uma linha de quatro, com Di María, Florentino, Kokçu e Akturkoglu, que se superiorizava a um meio-campo desconchavado do FC Porto, onde só o talento de Mora iluminava o caminho.
Mas quando tinham a bola, os encarnados transmutavam-se em 4x2x3x1, mantendo a superioridade numérica no ‘miolo’, nessa circunstância reforçado por um Aursnes que estava sempre atento às dobras a Di María, em caso de ataques rápidos dos dragões. Nos primeiros 45 minutos, o perigo relativo feito pelos donos da casa derivou de perdas de bola em zona proibida de António Silva (5 minutos), Di María (7) e Florentino (26). Entretanto, o Benfica não só obrigou Diogo Costa a brilhar, como acertou duas vezes nos ferros e meteu também por duas vezes o esférico no fundo das redes do guarda-redes da Seleção Nacional.
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SEGUNDA PARTE IMPERIAL
Seria normal que, a perder por 0-2 o FC Porto tentasse dar um golpe de autoridade na segunda parte. Seria, mas não foi, porque a equipa de Anselmi não só se esfrangalhou completamente, atingindo níveis de desorientação que nem de perto, nem de longe, se viram nos tempos de Vítor Bruno, como o Benfica arrancou para uma belíssima exibição coletiva, ao nível do que de melhor fez nos últimos anos. Começaram-se então a sucederem-se as ocasiões para os encarnados chegarem ao 0-3 – Di María (53), Akturkoglu (59) e Otamendi (60) -, mas a bola teimava em não entrar até que, aos 69 minutos, Pavlidis deu o melhor seguimento a um cruzamento perfeito, da direita, do ‘Fideo’ e consumou o seu ‘hat-trick’ histórico.
Antes, perante as dificuldades de Tomás Araújo (será pubalgia?), Bruno Lage fez entrar Dahl para a lateral direita (depois do jogo com o Farense, uma nova má experiência do sueco naquelas funções), enquanto que Anselmi manteve tudo taticamente na mesma quando tirou Eustáquio e Pepê, e fez entrar Martim e Gonçalo Borges (que deu mais dinâmica aos dragões).
A ganhar por 0-3, Bruno Lage respondeu refrescando a equipa com Belotti e Schjelderup (saíram Pavlidis e Di María, que não pareceu nada satisfeito) e nem a tardia entrada de Namaso (77), teve grande influência na história do jogo, que não estava, porém, finalizada. Quando, dois minutos depois de Schjelderup ter estado pertíssimo do 0-4, foi Samu, contra a corrente do jogo, a reduzir para 1-3, ainda pode ter passado pelo estádio do Dragão, de onde já tinham saído muitos adeptos portistas, a ideia de que o FC Porto ia galvanizar-se e dar água pela barba, nos minutos finais, ao Benfica.
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Não foi isso, porém, que aconteceu. O domínio encarnado manteve-se, a equipa de Lage, por estar mais bem organizada, parecia ter mais jogadores em campo, e aos 90+1, quando saiu Akturkoglu, Dahl passou para médio esquerdo, Aursnes para lateral direito, entrando Barreiro para cumprir a missão brilhantemente desempenhada pelo norueguês, acabaram-se as eventuais veleidades portistas, e Otamendi ainda teve tempo para fixar o ‘score’ em 1-4, mais próximo do que aconteceu no relvado do Dragão.
Fica assim igualada, por parte dos encarnados, a proeza de fazer quatro golos em casa do FC Porto (antes, 2-4, em 1943), e a de sair do reduto portista com uma vantagem de três golos (antes 0-3, em 1975).
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