O festival prolonga-se até ao dia 11 deste mês e, além de realizar-se em Badajoz, decorre ainda nas localidades de Olivença e San Vicente de Alcántara, explicou hoje a delegação em Lisboa da Junta da Extremadura expanhola.
Em comunicado enviado à agência Lusa, o mesmo organismo explicou que o filme português “Revolução (sem) Sangue”, o qual “questiona a narrativa oficial da Revolução dos Cravos”, vai abrir o evento, na segunda-feira, no Teatro López de Ayala, em Badajoz.
A película “surge na cena cinematográfica como uma proposta corajosa que questiona uma das grandes narrativas oficiais da história recente de Portugal: a de que a Revolução dos Cravos, que trouxe a democracia de volta ao país em 25 de abril de 1974, foi um processo pacífico e sem vítimas mortais”, disse.
O filme, que vai ser apresentado no FIC pelo realizador Rui Pedro Sousa e pelo ator Rafael Paes, cruza as histórias de quem morreu nos acontecimentos de 25 de Abril de 1974, no âmbito do ataque da polícia política da ditadura do Estado Novo, a PIDE, a manifestantes.
As pessoas retratadas são Fernando Giesteira, João Arruda, Fernando Reis e José Barneto, que tinham entre 18 e 38 anos e morreram alvejados pela PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, sede da polícia política.
A eles junta-se ainda António Lage, funcionário da PIDE/DGS, que foi baleado por um militar.
No que respeita à secção oficial do festival, que recebeu mais de 1.200 trabalhos e selecionou 21 curtas-metragens para competição, Portugal tem “uma destacada presença”, com cinco curtas-metragens a concurso, segundo a mesma fonte.
“Porta-te bem”, de Joana Alves, que conta a história de Filomena que vive sozinha numa aldeia do interior rural de Portugal e acaba de descobrir que não tem muito tempo de vida, é uma delas, tal como “O procedimento”, de Chico Noras, que reflete sobre a banalização da escolha de morrer e a utilidade de cada pessoa de acordo com a sua produtividade.
Também em competição está o último trabalho de Daniel Soares, “Bad for a moment”, que conta a história de um evento de ‘team building’ que corre mal e coloca o dono de uma empresa de arquitetura frente-a-frente com o bairro de classe baixa que a sua empresa está a gentrificar.
A concurso estão ainda as ‘curtas’ de Gonçalo Almeida, intitulada “Atom & Void”, que leva o público à toca de Valya, onde um ruído repetido perturba a sua vida e empurra-a para o desconhecido, e de Gonçalo Waddington, designada “À medida que fomos recuperando a mãe”, sobre um pai de quatro filhos que, após a morte da mulher, se esconde na cama, de luto, até a casa entrar em modo de autogestão.
O FIC conta também com uma secção para os mais novos, o Festival dos Miúdos, onde participam as outras duas curtas-metragens portuguesas: “UPS!”, de Galvão Bertazzi e Luís Canau, sobre um rapaz que vive rodeado por uma cacofonia opressiva de sons, no seio de uma família disfuncional, e “A menina com os olhos ocupados”, de André Carrilho, que relata a história de uma menina que, mesmo quando saía, estava sempre distraída, com os olhos fixos no telemóvel.
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