O filme português “O Riso e a Faca” e a coprodução “Era uma vez em Gaza” tiveram direito a prémios em Cannes na competição Un Certain Regard, a segunda mais importante do festival.
O primeiro, realizado por Pedro Pinho, foi distinguido esta sexta-feira à noite na Sala Debussy pela interpretação da atriz portuguesa de origem cabo-verdiana Cleo Diára, ex aequo com o britânico Frank Dillane pelo filme “Urchin”, de Harris Dickinson, o conhecido ator de “Babygirl”.
O segundo, uma coprodução portuguesa, valeu o prémio de Melhor Realização aos palestinianos Arab e Tarzan Nasser.
A secção tinha ainda a presença mediática de títulos realizados pelos atores Kristen Stewart e Scarlett Johansson, mas o prémio Un Certain Regard foi para “La misteriosa mirada del flamenco”, do chileno Diego Céspedes, uma história queer com um toque de western protagonizada por atores trangénero, que se passa numa pequena cidade mineira no norte do país, na década de 1980, quando um novo vírus chamado SIDA começa a fazer estragos.
O Prémio do Júri também ficou na América do Sul: “Un Poeta”, do colombiano Simón Mesa Soto (já vencera a Palma de Ouro de Curta-Metragem em 2014), sobre um poeta envelhecido que se torna o mentor de uma adolescente talentosa.
O britânico “Pillion” valeu ao seu realizador Harry Lighton o prémio de Melhor Argumento.
Liderado pela cineasta britânica Molly Manning Walker, o júri da secção Un Certain Regard juntou os realizadores Louise Courvoisier e Roberto Minervini, o ator Nahuel Perez Biscayart e a diretora do Festival de Cinema de Roterdão Vanja Kaluđerčić.
Tarzan Nasser e Arab Nasser no Festival de Cannes a 19 de maio de 2025
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Oito anos depois de ter apresentado em Cannes o filme “A Fábrica de Nada”, o realizador Pedro Pinho regressou com a segunda longa-metragem de ficção, com mais de três horas e rodada em África, numa coprodução internacional que juntou ainda Brasil, Roménia e França.
“O Riso e a Faca” segue a história de Sérgio (Sérgio Coragem), um engenheiro ambiental português que vai trabalhar numa organização não-governamental em África sobre o projeto de uma estrada a construir entre o deserto e a selva, e acaba por se envolver afetivamente com dois habitantes locais: Diára (Cleo Diára) e Gui (o brasileiro Jonathan Guilherme).
Já “Era uma vez em Gaza” acompanha os amigos Yahia e Osama enquanto tentam ganhar algum dinheiro extra vendendo drogas enfiadas em sanduíches de falafel.
Usando uma máquina de picar carne manual que não depende de eletricidade rara, o estudante Yahia mistura favas e ervas frescas para fazer bolinhos fritos em formato de hambúrguer nas traseiras do pequeno restaurante decadente de Osama, enquanto sonha em poder deixar a faixa costeira bloqueada por Israel. Ao mesmo tempo, o traficante carismático Osama visita farmácia após farmácia para acumular o máximo de comprimidos que pode com receitas roubadas, perseguido por um polícia corrupto.
“Era uma vez em Gaza” é a terceira longa-metragem dos irmãos Arab Nasser e Tarzan Nasser, e conta com coprodução minoritária de Portugal através da produtora Ukbar Filmes, que já tinha participado no filme anterior de ambos, “Gaza, meu amor”.
Os dois realizadores nasceram em Gaza em 1988, mas saíram do território em 2011, tendo passado a filmar na Jordânia. Em 2013 apresentaram a curta-metragem “Condom Lead” em Cannes e, em 2020, “Gaza, meu amor” no festival de Veneza (Itália).
“Era uma vez em Gaza”, que tem coprodução também de França, Alemanha e Palestina, contou com apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual e da RTP. Segundo a produtora Ukbar Filmes, os dois realizadores finalizaram em Portugal o trabalho de montagem e mistura de som, efeitos especiais e correção de cor.
A 78.ª edição do Festival de Cinema de Cannes termina no sábado.
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