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Fugas | PÚBLICO

[A Fugas celebra 25 anos – a estreia do suplemento foi a 21 de Maio de 2000; aqui, Bárbara Wong, editora da Fugas, e Luís J. Santos, editor da Fugas online, convidam a celebrar “os prazeres da vida”. Agora e sempre]

Em pequena, os meus pais pegavam num mapa de estradas, abriam-no na mesa da sala e aquele podia ali ficar um mês. Às vezes eram dois ou três mapas, conforme a viagem que faríamos nesse Verão. Os mapas eram muito completos, era possível ver os monumentos e até os parques de campismo, por exemplo.

Viajar com um mapa era parar e pedir informações a quem estava à beira da estrada, em francês ou alemão, que o inglês ainda não era uma língua franca. Por vezes, era dormir em sítios surpreendentes e inesperados, como uma vez que nos perdemos debaixo de uma chuva torrencial, vimos umas luzes ao fundo e entrámos para perguntar pelo campismo e fomos convidados para ficar em quartos quentes. No dia seguinte, descobrimos que estávamos numa quinta de produção leiteira e bebemos um leite que era tão fresco que ainda estava morno e, crianças, fomos convidadas a experimentar ordenhar as vacas. Estávamos na Suíça.

Com os anos, os mapas foram desaparecendo de cima da mesa e esta enchia-se de revistas de viagens. É nesse ambiente que o PÚBLICO cria um novo suplemento, “o” Fugas — que metade da equipa chama “a” Fugas, como se de uma revista se tratasse. Antes de dar a palavra ao Luís, gostava de contar outra história, a qual retomarei mais à frente. Há dias, um chefe privado contava-me que começou a receber jovens casais que ficam deslumbrados com o que ele serve, mas queixam-se da comida e dos vinhos portugueses. Intrigado, pergunta-lhes por onde andaram e o que comeram, respondem que planeiam a viagem pelo TikTok ou pedem informações ao ChatGPT.

A Fugas celebra 25 anos, um longuíssimo tempo de vida para um suplemento jornalístico em Portugal. E a que se deverá tal longevidade? Há muitas razões, claro, mas a principal é simples: porque continuamos a contar com os nossos leitores, com a sua leitura, apoio, participação e, continuamente, atenção — até por vezes crítica, o que agradecemos, porque é assim que vamos encontrando melhor o caminho certo.

Ao longo destes 25 anos muito mudou, até o mundo. Mudou o turismo, a forma como viajamos, como preparamos e realizamos uma viagem, mudaram as tecnologias e as ferramentas que usamos — da explosão da Internet às redes sociais, incluindo na Fugas que do papel cresceu para uma vida digital —, das aplicações às promessas da IA. Mudaram tendências e formatos, da hotelaria à restauração, houve revoluções nos automóveis e nos vinhos, até nos modos como são tratados.

E, sublinhe-se, mudou muito como é encarado o turismo e afins, para o bem e para o mal, dos fenómenos de massificação — e problemas inerentes, como a habitação — aos custos ou segurança.

Pela Fugas, como bons viajantes e bons turistas, não nos ficámos e fomos sempre tentando adaptar-nos às mudanças e novidades — que o espírito da descoberta e experiência faz parte do nosso ADN —, sem nunca esquecer princípios lapidares, a cultura, a história, a tradição. Porque a Fugas nasceu com um simpático mote, “os prazeres da vida”, o que, admitamos, tem as suas complexidades. Mas também com um jogo de cintura entre ser um guia útil para os leitores e dar boas sugestões, e incluir narrativas que dá gosto ler. Não em vão, somos um suplemento onde a reportagem assume papel de destaque.

Nesta edição de aniversário incluímos alguns trabalhos especiais com tempo para balanços. Hoje, um hotel já não é apenas um sítio onde se dorme e segue viagem ou onde se passam umas férias à beira da piscina, mas é um espaço que procura fidelizar os clientes através de experiências únicas e de contacto com as comunidades locais, contribuindo também para a sua sustentabilidade. A Filipa Vaz Teixeira dá alguns exemplos. E a Mara Gonçalves e o Miguel Manso foram até à República Dominicana para uma experiência única de mergulho na cultura local.

Portugal beneficiou em muito com o crescimento do turismo e, por consequência, da gastronomia. Alexandra Prado Coelho e Paulo Amado, da Edições do Gosto/Congresso de Cozinha, juntaram três chefs para discutir o passado, o presente e o futuro. Também a indústria vinícola cresceu e floresceu, conta Pedro Garcias, e os nossos críticos de serviço servem vinhos que lhes ficaram na memória.

O nosso presente, em muitas cidades, é o do turismo de massas e há momentos em que só nos apetece fugir. Foi a este desafio que Andreia Marques Pereira respondeu, fazendo um percurso alternativo no Porto. Nas próximas edições, vamos passear por outras cidades. E queremos continuar a celebrar, por isso nos próximos meses vamos continuar a estrear novas secções, alargar o leque de temas, contar com novas vozes e colaboradores. Tudo para que, ao fim de 25 anos e no futuro, a Fugas seja cada vez mais útil aos nossos leitores, levando-os sempre por bons caminhos — vejam-se as propostas diárias do Guia do Lazer.

Ter seres humanos deste lado, é sinónimo de que as sugestões não serão geradas pelo TikTok ou pelo ChatGPT, mas que há uma curadoria, há cabeça e coração. “A nossa cabeça é o mundo que interessa”, escreve Miguel Esteves Cardoso. Afinal, tanto a nós como aos nossos leitores, o que nunca nos falta é a curiosidade (e o prazer) de partirmos à descoberta.

O nosso obrigado a todos os que fazem parte do Fugas, leitores incluídos. Venha daí, vamos continuar a ser bons companheiros de viagem.

Boas Fugas!,

Luís J. Santos e Bárbara Wong

#Fugas #PÚBLICO

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