O ex-presidente da Lone Star, empresa de gestão de ativos imobiliários do Novo Banco, vendeu uma herdade em Sesimbra a uma sociedade que é, em parte, detida pela sua mulher. São quase 270 hectares que custaram um milhão e meio de euros. “Preço de saldo”, se se confirmar que o terreno permite construir mais de 50 mil metros quadrados.

São quase três quilómetros quadrados de área, um terreno a perder de vista que só termina na Lagoa de Albufeira.

Detidas por duas empresas, as propriedades faziam parte da carteira de ativos do Novo Banco. Quem tratou da venda foi o, na altura, presidente da GNB Real Estate – a imobiliária do banco que surgiu com o colapso do BES: Volkert Reig Schmidt.

Vivia em Espanha até aceitar o convite da Lone Star – o fundo que detém a maioria do capital do Novo Banco – para transformar em dinheiro os ativos imobiliários com que o BES havia ficado.

O terreno foi vendido em 2022 por um milhão e meio de euros. “Preço de saldo”, escreve o jornal Público, que teve acesso a um relatório onde, segundo o jornal, se atesta que este terreno tem potencial para construção de mais de 50 mil metros quadrados, 90% dos quais destinados a fins turísticos.

Essa informação teria sido escondida dos concorrentes durante a venda. Caso contrário, segundo uma fonte citada pelo jornal, o preço subiria para entre 10 e 15 milhões de euros – dez vezes mais do que o valor pelo qual foi vendido.

Nesse ano, em entrevista a um podcast de uma empresa de consultoria imobiliária, o então presidente da imobiliária do Novo Banco não escondia a felicidade com a nova vida em Portugal.

O terreno foi vendido pelo Novo Banco a uma empresa com três sócios por 1,5 milhões de euros. No entanto, no ano passado, essa empresa ganhou uma nova sócia: Ana Flor Argos, mulher do ex-presidente da imobiliária do Novo Banco.

Ou seja, a mulher do responsável pela venda detém agora 25% da empresa proprietária do terreno. O negócio motivou uma queixa à CMVM. Contactado pela SIC, o Novo Banco não se quis pronunciar.