Papa Francisco
Na Edição da Noite da SIC Notícias, a humorista Maria Rueff e o escritor José Luís Peixoto revelam pormenores dos encontros “inéditos” com artistas promovidos por Francisco no Vaticano. A opinião de ambos é comum: “Foi alguém que marcou muito a Igreja e ao marcar a Igreja marcou muito o mundo.”
Maria Rueff e José Luís Peixoto cresceram com influências católicas, mas, durante um período da vida, afastaram-se da doutrina cristã, no entanto o Papa Francisco fê-los reaproximarem-se da Igreja. Na antena da SIC Notícias, os portugueses que visitaram o Sumo Pontífice no Vaticano elogiam a postura do líder do universo católico, que, de acordo com os próprios, “gostava de artistas”.
Maria Rueff, assim como outros 104 humoristas de todo o mundo, esteve no Vaticano em junho de 2024 a convite do Papa Francisco, um evento que apelida de “revolucionário”.
“Foi a primeira vez que um Papa recebeu comediantes e que deu dignidade à arte da comédia”, lembra.
A também atriz entende que o convite de Francisco foi “um apelo à alegria, à leveza e ao riso”. “O apelo à alegria marca o pontificado dele”, acrescenta.
A artista recorda ainda o discurso do Sumo Pontífice aquando da receção aos humoristas:
“Dizia ‘até com Deus se pode brincar’ e disse, sobretudo, uma frase muito bela, que nos terá tocado a todos: ‘Quando um comediante faz alguém rir, Deus também sorri’”.
“Papa gostava de artistas”
No ano anterior, havia sido José Luís Peixoto a visitar o Vaticano a convite do malogrado líder da Igreja Católica, que promoveu um encontro entre “artistas de várias áreas”, explica o escritor.
Refere que o evento em que participou “partilha uma série de características” com o encontro descrito por Maria Rueff:
“Digamos que os artistas acabam por refletir de forma talvez mais honesta a humanidade, não é? E eu acho que o Papa gostava de artistas em geral por causa disso”, intervém a humorista.
José Luís Peixoto confessa que, à margem dessa iniciativa, sentiu que “havia um carisma na presença” de Francisco.
“É um homem ético, profundamente ético, de uma pureza, de um amor real. É a tal diferença entre ver e ouvir ou olhar e escutar. E o Papa Francisco, nos poucos segundos que dava a cada um de nós, de facto olhava e de facto escutava”, revela, por sua vez, a humorista.
Reconhecendo que o Papa era “um fator de equilíbrio” nos dias que correm, José Luís Peixoto afirma que Francisco tinha características que iam “na contramão de uma grande quantidade de circunstâncias que vivemos e que fazem parte do próprio sistema”. “Acaba por fazer muita falta”, lamenta.
“Foi alguém que marcou muito a Igreja”
Sobre o que se seguirá, o escritor espera que haja um trabalho de sequência “e não de rutura” e justifica:
“Efetivamente, foi alguém que marcou muito a Igreja e ao marcar a Igreja marcou muito o mundo.”
Por conta do conservadorismo religioso, principalmente no que diz respeito ao humor, Maria Rueff explica que se afastou da Igreja, mas conta que tudo mudou no início do pontificado de Francisco:
“Foi justamente a partir do Papa Francisco, quando ele, logo no início de pontificar, dizia que rezava a oração de São Tomás de Moro que é: ‘Dai-me, Senhor, o sentido do humor, a possibilidade de perceber uma piada para ganhar felicidade e poder dá-la aos outros.’ Isto não é possível, um Papa dizer isto, dizer que pede o sentido do humor, dizer que das coisas mais bonitas que se pode dar a alguém é um sorriso. E, portanto, ele é responsável pela minha conversão, pela minha reaproximação à Igreja, e não só como humorista, como mulher também.”
O escritor, que subscreve as palavras de colega de painel, aponta que sentiu uma aproximação à Igreja católica após o encontro com o Sumo Pontífice no Vaticano. “Tudo ali ganhou um certo sentido”, nota.
Maria Rueff garante que, como humorista, fará o seu trabalho para cumprir o que o líder da Igreja pediu:
“É precisamente o que ele nos pediu nesse discurso: para denunciarmos. Porque o humor também denuncia e, portanto, eu farei esse meu trabalho com a mensagem de amor que ele me deixou no coração quando me olhou de facto naquele dia, me tocou profundamente e, portanto, acho que todos nós temos de continuar a fazer o trabalho de serviço, olhar o outro, amar o outro, que é a essência do cristianismo.”
O escritor reforça que esses valores defendidos por Francisco “não podem ser” deixados de lado.
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