À primeira vista, o Inster pode fazer o nariz pelas suas pequenas dimensões: tem apenas 3,83 metros de comprimento, o que nos leva a imaginar um habitáculo apertado, que, mesmo que diga que aceita a presença de quatro ocupantes, se apresente mais capaz de acomodar somente dois. Preconceitos que são deitados por terra assim que espreitamos para dentro: o Inster pode ser pequeno por fora, mas é gigante por dentro — e se dúvidas restassem, quando vimos quatro jornalistas de estatura grande a se enfiarem no carrinho, todas elas desapareceram.
Nos lugares da frente, como de resto é comum quando nos confrontamos com automóveis de apetências urbanas, há espaço desafogado, e nem o facto de a largura ser de apenas 1,61m nos leva a ombrear com o passageiro do lado. Atrás, surpresa! Não só nos sentamos com todo o conforto, como o espaço para pernas nos leva quase a crer estarmos dentro de um veículo de maiores dimensões. E a Hyundai não se ficou por dotar o pequeno Inster de espaço a bordo; apostou muitas das suas fichas nas sempre bem cotadas funcionalidade e versatilidade: não só os bancos traseiros rebatem, fazendo crescer a mala de 280 para mais de mil litros, com a fila da frente pode simplesmente desaparecer, transformando o automóvel numa espécie de quarto — é só estender uma manta, caso a sesta se imponha. Mas também é possível, por exemplo, rebater o lugar do passageiro da frente e o condutor fazer dele uma espécie de mesa. Estacionado, poderá usar a superfície para poisar o portátil e responder a mails ou até dispor do espaço para saborear um pequeno lanche: é ao gosto do freguês e das necessidades.
Hyundai Inster
Shingiru
Mas o Inster é também um pequeno SUV, a esbanjar estilo, graças a um design compacto, mas que sobressai por códigos estéticos a remeterem para a robustez, e serve-se exclusivamente de mecânicas eléctricas, a piscar o olho a quem já abraçou a mobilidade sem emissões e que se movimenta sobretudo pelos perímetros urbanos. Também promete ser do agrado a quem olha para o cuidado do ambiente de forma transversal, apostando em materiais sustentáveis para o interior. Além disso, apresenta-se por um preço interessante: para particulares, é proposto desde 23.400 euros, com campanha de financiamento, o que, se se beneficiar do incentivo de quatro mil euros, significa que custa menos de 20 mil euros; empresas e empresários em nome individual podem adquirir o modelo a partir de 19 mil euros, valor sem IVA.
Isto coloca o Inster entre as propostas mais baratas do mercado, mas nem por isso a menos equipada, apresentando-se, desde a versão de entrada de gama, extremamente bem equipado. O equipamento de série é generoso, por exemplo, no que diz respeito a características tecnológicas e de conectividade, incluindo instrumentação digital num ecrã TFT de 10,25 polegadas e um ecrã táctil central de 10,25 polegadas, com navegação e Bluelink, sendo possível a integração com Apple CarPlay e Android Auto através de ligação USB e também actualizações remotas. Mas os botões físicos não foram anulados. Por exemplo, sob as saídas de ar centrais, há comandos para aceder ao sistema multimédia, assim como controlos mecânicos para gerir a climatização. O pequeno citadino chega ainda com um conjunto de sistemas avançados de assistência ao condutor, entre os quais a travagem autónoma de emergência, manutenção na faixa de rodagem, alerta de fadiga do condutor, controlo automático de máximos ou alerta de passageiros nos bancos traseiros.
Hyundai Inster
Shingiru
No caso da versão ensaiada, Comfort Plus, há, por mais mil euros, jantes de liga leve de 15 polegadas, espelhos exteriores com indicadores de mudança de direcção em LED e sensor de chuva, com limpa pára-brisas de activação automática.
Urbano, mas ambicioso
O Inster chega em duas versões eléctricas: uma de 97cv, com velocidade máxima de 140 km/h, servida por uma bateria de 42 kWh, a reclamar uma autonomia em circuito misto de até 327 quilómetros; e outra de 115cv, a atingir os 150 km/h, com bateria de 49 kWh, para um alcance de 360 quilómetros.
Na prática, isto significa que, por um lado, as potências e as velocidades máximas não são incompatíveis com grandes viagens, o que, por vezes, acontece em eléctricos concebidos para a cidade, e, por outro, a autonomia das baterias não exige que se ande sempre com a cabeça a pensar onde encontrar o próximo ponto de carregamento: com uma utilização média de 30 quilómetros diários (um estudo do ACP – Automóvel Club de Portugal aponta para que o condutor português realize uma média de 25 km/dia), facilmente se passa mais de uma semana sem ter de recarregar. É que, quando a circulação é predominantemente urbana, a autonomia estica até mais de 400 quilómetros.
Depois, se a ideia for seguir viagem, pudemos comprovar, no computador de bordo, que o consumo homologado, de 14,3 kWh/100 km, no caso para a bateria de 42 kWh que alimentava a unidade ensaiada, não está demasiado desfasado da realidade. Ou seja, não se terão os 327 quilómetros, mas com alguma parcimónia na altura de acelerar, é possível percorrer quase trezentos. Além do mais, o Inster, não sendo propriamente espevitado em auto-estrada, consegue manter uma velocidade decente de 120 km/h sem quaisquer indícios de cansaço (apenas nota menos positiva para o ruído do vento a essa velocidade) e, quando levado para estradas com curvas, comporta-se sem qualquer adorno e com uma boa dose de conforto, graças a um trabalho com as suspensões que imprime suavidade ao rolar.
Mas é pela cidade que ele é mais divertido, conseguindo gingar pelo trânsito como poucos. E, na altura de realizar manobras, as suas dimensões mostram como se adapta bem a espaços estreitos e mais uma vez as especificações das suspensões ajudam a enfrentar as cada vez mais abundantes lombas.
Sobre os carregamentos, a versão ensaiada aceita potências de até 73 kW em corrente contínua, enquanto a bateria de 49 kWh aguenta até 85 kW, o que faz com que ambas consigam recuperar energia até aos 80% em cerca de meia hora. Em corrente alternada, o carregamento é efectuado a um máximo de 11 kW (entre quatro e cinco horas para completar o carregamento), sendo que o modelo está equipado com um carregador de bordo (OBC) dessa potência.
O Euro NCAP ainda não testou o Inster em termos de segurança, mas pelo equipamento disponibilizado é de prever que tenha uma boa classificação, que, nos automóveis deste segmento, se costuma ficar pelas quatro estrelas. A garantia, sem limite de quilómetros, é de sete anos; a bateria usufrui de garantia ao longo de oito anos ou 160 mil quilómetros.
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