O país aguarda pelo desfecho final da moção de confiança apresentada pelo Governo que está agendada para esta terça-feira e tudo indica que será chumbada.
O Governo teve duas moções de censura chumbadas num espaço muito curdo de tempo e, obviamente, não tem qualquer necessidade de apresentar a moção de confiança, tanto mais que está avisado de que o maior partido da oposição irá votar contra.
É triste o ponto a que chegámos, onde o tacticismo político se sobrepõe ao interesse nacional. Ver ministros a apelar ao bom senso do PS na votação da moção de confiança ou o presidente da Assembleia da República a apelar a uma abstenção é elucidativo do ponto a que chegámos.
Depois de Pedro Nuno Santos ter dado a mão ao governo na eleição do presidente da Assembleia da República, depois de Pedro Nuno Santos ter dado a mão ao Governo na aprovação do Orçamento de Estado, depois de Pedro Nuno Santos ter dado a mão ao Governo no chumbo de duas moções de censura, o executivo e a AD agora querem que Pedro Nuno Santos volte com a sua palavra atrás e corte o pulso para glória do Governo.
Tudo isto é um disparate e revela a falta de sentido de Estado e de responsabilidade do Governo e não só, pois, normal seria o presidente da Assembleia da República vir apelar ao Governo para que não apresentasse a moção de confiança e assim evitasse novas eleições, em vez, de optar por uma posição partidária pouco digna da função que exerce.
O único responsável por esta crise política é Luís Montenegro, não é sério responsabilizar-se mais ninguém. A forma inábil como geriu o seu problema pessoal é da sua exclusiva responsabilidade e não é aceitável que arraste consigo o país para uma crise política indesejável.
Não se pode pedir ao PS que dê a mão ao Governo pela quinta vez, só porque o Governo tem uma postura irresponsável e arrogante, isto já para não falar na tentativa de evitar a Comissão Parlamentar de Inquérito por troca da retirada da moção de confiança.
Está muito claro que Luís Montenegro quer ir para eleições como forma de travar o problema que recai sobre si, numa fuga para a frente na tentativa de se manter à tona de água, mas ignorando que umas eleições antecipadas são prejudiciais ao país e aos portugueses. Pior, a probabilidade de voltarmos a ter um cenário semelhante ao atual é fortíssima, com a agravante de uma maior crispação entre os dois maiores partidos, após novo ato eleitoral.
A questão que se coloca neste momento é por que razão se vai provocar eleições antecipadas cujo provável resultado provocará tanta ou mais instabilidade do que a que vivemos atualmente?
Esta fuga para a frente do PSD é um erro que se vai pagar caro e não vai resolver coisa nenhuma, pois os factos que estão por apurar devem ser apurados, independentemente do resultado das eventuais eleições.
Os portugueses estão, cada vez mais, cansados da classe política e o circo a que estamos a assistir ainda vem acentuar mais o descrédito das pessoas nos políticos, correndo o risco de qualquer dia só os medíocres estarem disponíveis para ser protagonistas.
Isto está negro…
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
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