Vivo Novidades

Blog Post

Vivo Novidades > Notícias gerais > James de Percival Everett vence Prémio Pulitzer de Ficção | Livros

James de Percival Everett vence Prémio Pulitzer de Ficção | Livros

  • Esta sexta-feira, no Ípsilon, poderá ler uma entrevista com Percival Everett sobre James

O romance James, de Percival Everett, que recentra a narrativa de As aventuras de Huckleberry Finn no escravo Jim, companheiro de Huck, é o vencedor do Prémio Pulitzer de ficção, anunciado em Nova Iorque na noite de segunda-feira.

Para o júri do Prémio Pulitzer, James é “uma perfeita recriação de Huckleberry Finn” que “dá espaço a Jim para demonstrar o absurdo da supremacia racial e fornecer uma nova abordagem à procura da família e da liberdade.”

James, que já conquistou o National Book Award e o Prémio Kirkus, foi publicado em Portugal, no passado mês de Março, na colecção Contemporânea, dos Livros do Brasil, com tradução do escritor Bruno Vieira Amaral.

Em James, Percival Everett inverte o protagonismo do romance infanto-juvenil de Mark Twain, publicado em 1884, e conta a história a partir da perspectiva do escravo. Tal como no romance original com os mesmos protagonistas, também em James se conta que Jim fugiu da escravatura no Estado do Missouri e Huckleberry Finn, abreviado para Huck, simulou a sua própria morte para escapar ao pai bêbado e abusivo, descendo juntos o rio Mississípi, numa jangada. No livro de Everett, porém, o narrador é o homem privado da liberdade que assume o poder da escrita, começando pelo nome James, que escolhe para si mesmo e dá título ao romance.

Percival Everett, de 68 anos, nascido nos Estados Unidos em 22 de Dezembro de 1956, conta mais de trinta obras publicadas, com vários prémios e distinções acumulados. O seu romance As Árvores, também editado em Portugal, foi finalista do Prémio Booker 2022, e um romance anterior, Erasure, foi adaptado para o filme American Fiction, vencedor do Óscar de 2023 para melhor argumento adaptado.

No teatro, o Prémio Pulitzer foi para Purpose, de Branden Jacobs-Jenkins, “uma peça sobre a dinâmica complexa e o legado de uma família afro-americana de classe média alta cujo patriarca foi figura-chave no Movimento dos Direitos Civis”. Para o júri do prémio, trata-se de “uma mistura hábil de drama e comédia que investiga a forma como diferentes gerações definem o legado.”

O Pulitzer de História foi entregue em ex-aequo a dois livros: Combee: Harriet Tubman, the Combahee River Raid, and Black Freedom During the Civil War, de Edda L. Fields-Black, e Native Nations: A Millennium in North America, de Kathleen DuVal.

O primeiro, de acordo com o júri do prémio, é “um relato rico e revelador de uma rebelião de escravos que libertou 756 pessoas num único dia, entrelaçando estratégia militar e história familiar” .O segundo oferece “um retrato panorâmico das nações e comunidades nativas americanas ao longo de mil anos, num relato vivo e acessível da sua resistência, engenho e conquista face ao conflito e à desapropriação”.

O Pulitzer de Biografia foi para Every Living Thing: The Great and Deadly Race to Know All Life, de Jason Roberts, “uma dupla e belíssima biografia” do biólogo Carl Linnaeus e do naturalista e matemático Georges-Louis de Buffon, que no século XVIII “dedicaram as suas vidas a identificar e descrever segredos da natureza e que continuam a influenciar a forma como compreendemos o mundo”.

Do autor, Jason Roberts, está publicado em Portugal o Viajante Cego (Casa das Letras), uma biografia de James Holman (1786-1857), “aventureiro solitário e invisual” que combateu o comércio de escravos em África, sobreviveu a um cativeiro na Sibéria, caçou elefantes em Ceilão e ajudou a desenhar mapas do interior australiano.

O poeta palestiniano Mosab Abu Toha foi distinguido na categoria de Comentário por uma série de ensaios na New Yorker que documentam as atribulações dos palestinianos em Gaza, onde vive. “Acabo de ganhar um Prémio Pulitzer de Comentário”, escreveu na rede social X. ‘Que traga esperança / Que seja um conto’.”

Em entrevista ao PÚBLICO em Fevereiro, Toha descreveu assim a sua casa: “Em Gaza, cada buraco no chão é uma floresta de ruído porque não há nenhum sítio que esteja vazio. Até mesmo as covas, os buracos nas paredes, estão cheios de barulho da destruição israelita, da ocupação israelita, do bloqueio israelita, dos gritos das crianças e das suas mães, do rugido dos F16, do zumbido dos drones, dos bombardeamentos de artilharia, das sirenes das ambulâncias.” O seu papel como escritor, resumiu, o seu “desafio”, é “encontrar alguma esperança sob os próprios escombros”.

Na categoria de Memória, o Pulitzer foi para Feeding Ghosts: A Graphic Memoir, de Tessa Hulls, “uma obra comovente de arte literária e descoberta, cujas ilustrações dão vida a três gerações de mulheres chinesas — a autora, a sua mãe e a avó —, e à experiência do trauma, transmitida através de histórias familiares.”

O Pulitzer de Não Ficção foi para To the Success of Our Hopeless Cause: The Many Lives of the Soviet Dissident Movement, de Benjamin Nathans, “uma história prodigiosamente investigada, reveladora da dissidência soviética, de como foi repetidamente reprimida e continuamente renasceu, povoada por um vasto elenco de pessoas corajosas dedicadas a lutar por liberdades ameaçadas e direitos duramente conquistados.”

Na Poesia, o prémio distinguiu Marie Howe e a sua colectânea New and Selected Poems, “elaborada a partir de décadas de trabalho” sobre a experiência quotidiana, “na procura de sinais comuns de solidão, mortalidade” e do que nesse processo se revela sagrado.

O Pulitzer de Música coube à compositora Susie Ibarra, por Sky Islands, obra estreada em Julho do ano passado em Nova Iorque, um alerta sobre a destruição de ecossistemas e biodiversidade, inspirada nos habitats da floresta tropical de Luzon, nas Filipinas.

Os Prémios Pulitzer são administrados pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque, gestora do fundo legado por Joseph Pulitzer, empresário da imprensa norte-americana, nos anos de 1910.

Os galardões foram entregues segunda-feira à noite e distinguem também feitos no jornalismo, com a Reuters, o New York Times, a ProPublica ou a New Yorker entre os mais premiados.

#James #Percival #Everett #vence #Prémio #Pulitzer #Ficção #Livros

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *