Mundo
Mario Guevara cobria no sábado os protestos “No Kings” em direto nas redes sociais quando os agentes o abordaram para o deter.
Redes Sociais
Um jornalista salvadorenho que vive nos Estados Unidos há duas décadas enfrenta a deportação depois de ter sido detido enquanto cobria protestos anti-Trump, revelou na quarta-feira um grupo de defesa dos direitos da comunicação social.
Mario Guevara cobria no sábado os protestos “No Kings” [“Sem reis”, em português] em direto em espanhol nas redes sociais, a maior mobilização popular desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca, quando os agentes o abordaram para o deter.
“Deixem-me terminar… Não fiz nada de errado”, referiu Guevara aos polícias em inglês, sem se opor à sua detenção, que foi transmitida em direto no seu canal de Facebook, que tem 783 mil seguidores.
De acordo com as imagens, Guevara usava um colete à prova de bala com o logótipo “Press” e um capacete de proteção enquanto cobria os protestos no condado de DeKalb, perto de Atlanta, Geórgia.
“Acabem com o ICE [Serviço de Imigração e Alfândega, a polícia de imigração dos EUA}”, gritavam manifestantes pouco antes da sua detenção, perto de polícias e de Guevara, jornalista especializado em questões de imigração, pelo qual recebeu um Emmy em 2023.
“Estamos alarmados por saber que o jornalista Mario Guevara, que tem autorização para trabalhar nos Estados Unidos, foi transferido para o centro de detenção do ICE depois de ter sido detido enquanto cobria um protesto”, denunciou o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) em comunicado, classificando o incidente como “uma erosão perturbadora da liberdade de imprensa nos Estados Unidos”.
Numa carta detalhada ao condado de DeKalb, o CPJ defendeu que Guevara “não estava a obstruir o trabalho policial, mas a documentar um protesto” e expressou preocupação com a sua possível deportação dos Estados Unidos.
“Não há razão para deportar um jornalista com autorização”
Numa audiência na segunda-feira, um juiz solicitou a sua libertação sob fiança, mas a polícia de imigração emitiu uma ordem de detenção, uma medida que permite que uma pessoa seja mantida sob custódia até à sua retirada dos Estados Unidos, alertou ainda o CPJ na sua carta.
“Não há absolutamente nenhuma razão para deportar um jornalista com autorização de longa data para trabalhar nos Estados Unidos”, acrescentou a Fundação para a Liberdade de Imprensa, uma organização norte-americana que apoia repórteres independentes.
Desde que regressou ao poder, em janeiro, o Presidente norte-americano, Donald Trump, intensificou os esforços para deportar o maior número possível de imigrantes considerados ilegais, sobretudo para El Salvador, onde alguns estão detidos numa prisão de segurança máxima, conhecida por falhas nos direitos humanos.
#Jornalista #detido #enquanto #cobria #protestos #antiTrump #ameaçado #deportação