As vendas da Gucci caíram 24% no último trimestre do ano, reforçando as preocupações para com a marca líder da Kering. O conglomerado de luxo francês divulgou os resultados nesta terça-feira dando conta de uma perda global de 12%, com as vendas a caírem para 4,39 mil milhões de euros. O presidente do grupo, François-Henri Pinault, declarou que a Kering alcançou “um ponto de estabilização” depois de ano de perdas consecutivas.
Apesar de serem negativos, os resultados superaram as expectativas dos analistas que tinham previsto uma perda de 15%. Durante o último ano, as acções da Kering caíram mais de 40% na sequência dos maus resultados reportados.
Além dos resultados trimestrais, a Kering ajustou a previsão para as contas anuais, apresentadas tipicamente depois do final do ano fiscal, em Março. Para 2024, prevê-se que o lucro operacional sofra uma queda de 46% para 2,55 mil milhões de euros, face as 4,75 mil milhões de euros registados no ano anterior.
A Gucci continua a ser responsável por 63% do lucro operacional da Kering, apesar da queda livre da etiqueta ao longo dos últimos anos, depois da saída de Alesandro Michele em 2022. A crise levou a que a marca o substituísse por Sabato de Sarno na liderança criativa, mas o estilo minimalista do criador italiano foi insuficiente para captar novamente a atenção dos consumidores de luxo, levando a que deixasse o cargo na semana passada. Agora, o grupo está à procura de novo director criativo para ressuscitar a histórica Gucci.
Mas nem tudo é mau. A Bottega Veneta foi a única marca a registar um crescimento de 12%, mas o sucesso pode ser efémero, já que o director criativo Matthieu Blazy está de partida para a Chanel e só será substituído por Louise Trotter na Semana da Moda de Milão de Setembro. As outras etiquetas, como a Saint Laurent, a Balenciaga e a Alexander McQueen, também registaram perdas entre os 4% e os 8%.
“Num ano difícil, acelerámos a transformação de várias das nossas casas e avançámos com determinação para reforçar a saúde e o interesse das nossas marcas a longo prazo”, assinalou François-Henri Pinault no comunicado de imprensa. E acrescentou: “Os nossos esforços devem continuar a ser sustentados e estamos confiantes de que conduzimos o Kering a um ponto de estabilização, a partir do qual retomaremos gradualmente a nossa trajectória de crescimento.”
A Kering não é o único conglomerado a padecer perante uma crise mundial no luxo, ainda que a LVMH continue a registar resultados positivos. No último trimestre do ano, as vendas do grupo de Bernard Arnault cresceram 1% para 23,9 mil milhões de euros (apesar de o segmento de moda ter caído ter 3%), depois de uma queda de 3% no trimestre anterior.
A par da Gucci, há outra marca que tem vindo a causar preocupação na indústria: a Dior. Perante uma estagnação da etiqueta líder da LVMH, foi anunciada a saída de Kim Jones da direcção criativa da linha masculina e as publicações especialistas antecipam a partida também de Maria Grazia Chiuri, que desenha alta-costura e a linha feminina de pronto-a-vestir, ainda durante este ano. Resta saber quem será responsável por reavivar estas marcas históricas.
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