O C10, com 4,74 metros de comprimento e uma distância entre eixos de 2,83 metros, surge como um familiar grande ou um SUV de ambições executivas, alinhando-se no cobiçado segmento D, mas com um preço que pode ser comparado a propostas mais compactas: desde 37.400 euros, tanto o eléctrico como o híbrido servido com extensor de autonomia, que pretende dar resposta a quem queira assumir uma posição mais amiga do ambiente, mas que ainda não se sente preparado para lidar com as limitações das baterias.

Assim, o C10 REEV, sigla para Range Extended Electric Vehicle, apresenta uma solução que admite o recurso exclusivo à energia eléctrica, graças a uma bateria de 28,4 kWh, cujo carregamento é feito ligando à ficha (em corrente alternada aceita potências de até 6,6 kW; em corrente contínua, de até 65 kW), sendo capaz de proporcionar 145 quilómetros de autonomia eléctrica.

Mas, depois de esgotada a bateria, não é o motor térmico que passa a enviar energia às rodas. Em vez disso, o motor, que vai buscar o seu alimento a um depósito de gasolina de 50 litros, está acoplado directamente a um gerador de 50 kW, nutrindo a bateria, que, por sua vez, proporciona energia para que o motor eléctrico se mantenha aos comandos. O resultado, diz a Leapmotor, é uma condução fluida e sempre eléctrica, com reduzidos consumos de combustível e controladas emissões de CO2.

Ainda assim, cabe ao condutor escolher que tipo de condução pretende, podendo seleccionar entre quatro modos. No EV+, ideal para percursos urbanos e sem grandes viagens planeadas, a prioridade é dada ao motor eléctrico, que se mantém aos comandos até aos 9% da bateria, altura em que entra em funcionamento o extensor de autonomia. Neste modo, a potência é limitada, assim como as respostas do automóvel, privilegiando-se os consumos. Outro modo é o EV, que tem a mesma lógica que o EV+, mas o extensor de autonomia entra em acção quando a bateria está a 25%.

Já se a ideia é realizar uma longa distância, a marca aconselha o Fuel: funciona exclusivamente com o motor eléctrico quando a bateria está acima dos 80%, altura em que o extensor de autonomia entra em funcionamento. É o modo que mais se adapta a circuitos que incluem muita auto-estrada, havendo ainda o Power +, para quem quiser tirar partido de toda a potência, com o extensor de autonomia a funcionar desde o arranque.

Para além da eficiência, sublinha a Leapmotor, foi dada prioridade ao desempenho em termos de NVH (Ruído, Vibração e Aspereza). E, depois de uma viagem entre Valência e Barcelona, com muitos quilómetros de estrada e auto-estrada, podemos observar que o objectivo foi bem-sucedido. Mesmo a velocidades mais elevadas, o silêncio é a nota dominante.

O Leapmotor C10 REEV está equipado com um motor eléctrico de 158 kW (215cv) e um motor de combustão interna a gasolina de 1,5 litros, anunciando um consumo de combustível de 0,4 l/100 km em modo combinado e emissões de CO2 de 10 g/km. Isso observa-se com a bateria cheia; no nosso caso, com algumas centenas de quilómetros para percorrer e em que optámos sobretudo pelo modo Fuel, o consumo de electricidade andou pelos 19 kWh/100km e o combustível em torno dos 6l/100km.

O C10, que obteve as cinco estrelas de segurança do Euro NCAP, propõe um habitáculo desafogado, com boa posição de condução e uma segunda fila onde facilmente se cruzam as pernas. Visualmente, não é automóvel que chame a atenção, o que poderá ser uma mais-valia — e é definitivamente um feito quando se olha para as suas dimensões. Já o interior é marcado por um grande ecrã táctil central de 14,6 polegadas, onde se controla praticamente todas as funções, dos alertas dos assistentes aos ajustes dos espelhos retrovisores, o que significa que não se vão encontrar botões físicos. E a entrada é feita com cartão: basta encostá-lo ao espelho retrovisor. Permanentemente ligado, é possível obter actualizações remotas de todos os sistemas.

A mala, de 400 litros (1375l, com a segunda fila rebatida), não está entre as melhores do segmento onde o C10 se posiciona, mesmo tendo em conta a existência de um compartimento à frente para os cabos ou pequenos volumes, mas o SUV dá cartas na funcionalidade: é até possível rebater todos os bancos e transformar o habitáculo numa espécie de quarto para viajantes aventureiros.