O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu esta terça-feira que Portugal “não precisa de guerra”, com a qual acabou “há 51 anos atrás”, mas sim de “produzir mais alimentos” e caminhar para “a própria soberania alimentar”.
“O país não precisa de guerra. O país não precisa de mandar os seus filhos, os seus netos, os nossos irmãos para a guerra. Sabemos bem o que é a guerra e o nosso povo, há 51 anos atrás, acabou com a guerra e não vai permitir que retomemos esses caminhos da destruição e da morte”, argumentou o líder do PCP. Numa intervenção em Serpa, no distrito de Beja, ao final da tarde de hoje, Paulo Raimundo contrapôs que o país precisa é “de maior produção”.
“O país não precisa de guerra. O país precisa é de produzir mais alimentos e caminhar no objetivo exigente, mas [que] não é impossível, da própria soberania alimentar”, disse. E Portugal, continuou, “tem condições para produzir mais. O país tem recursos. O país tem terra. O país tem meios, tem gente capaz, gente conhecedora, gente trabalhadora, gente com capacidade científica para isso também, o país tem tudo”.
Para o secretário-geral do PCP, que discursava na sessão pública de apresentação de João Dias como cabeça de lista da CDU à Câmara de Serpa nas eleições autárquicas deste ano, para que aumente esta produção nacional são necessárias “duas condições”.
“Vontade política” e “mais força, mais votos e mais deputados da CDU para impor este caminho que se exige”, afirmou. Durante a intervenção na cerimónia, na qual discursaram igualmente o candidato autárquico e o candidato da CDU ao círculo eleitoral de Beja nas legislativas antecipadas marcadas para 18 de maio, Bernardino Soares, o secretário-geral do PCP também garantiu que a realização de duas eleições diferentes no mesmo ano não constitui um obstáculo.
“O facto de termos eleições legislativas, que não estavam calculadas, diria assim, no ano em que estamos empenhadíssimos nesta batalha autárquica, não é motivo para atrapalhação”, frisou. De acordo com Paulo Raimundo, “pelo contrário, é um motivo” para a CDU ir “mais longe ainda, no contacto, no esclarecimento, na mobilização, nesses caminhos que se abrem para falar, para falar com muita gente”.
“E nós estamos a fazer isso, mas precisamos de fazer ainda mais”, incentivou, perante a plateia de militantes e simpatizantes do PCP que encheu o auditório do Centro Musibéria.
O líder comunista lembrou que faltou o “cante” na Assembleia da República nesta legislatura que agora terminou, resultante das legislativas de 2024, já que o PCP não elegeu qualquer deputado pelo Alentejo (no caso concreto de Beja foi a primeira vez, desde 1975, sem deputado de coligação liderada pelo PCP).
“E o desafio que temos aqui no distrito de Beja é muito grande. Sabemos disso. Não é fácil. Mas aquilo que serve a população deste magnífico concelho, aquilo que serve o povo deste distrito, e aquilo que ficou às claras, de forma evidente, durante este ano, é que é urgente e é necessário que a voz do povo, que a voz do trabalho, que o cante volte à Assembleia da República”, destacou.
Em jeito de brincadeira, disse não saber se Bernardino Soares “canta alguma coisa de jeito” e “até pode não cantar”, mas possui “a arte, a cultura, o trabalho, a dedicação, o empenho, as soluções” para o distrito de Beja, afiançou.
Quanto a João Dias, antigo deputado por Beja no parlamento, Paulo Raimundo disse que “o único aspeto positivo” de não ter sido eleito para a Assembleia da República em 2024 é o de poder ser agora candidato à Câmara de Serpa, liderando um projeto que quer “unir as populações do concelho e não dividir”.
Ainda a nível local, Paulo Raimundo rejeitou a “lengalenga da falta de dinheiro” para o hospital de Serpa e defendeu que “é possível” e “é urgente” que esta unidade regresse ao Serviço Nacional de Saúde.
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