A Maersk, gigante do transporte internacional de mercadorias, anunciou que vai abandonar as relações comerciais com empresas a exercer actividade nos territórios palestinianos ocupados por Israel, após mais de 20 meses de apelos internacionais ao corte de relações com o Estado israelita. A empresa sediada em Copenhaga tem sido um dos grandes alvos das críticas e acções de boicote de movimentos activistas como a Palestine Action e o Palestinian Youth Movement.
“Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, e à medida que este se foi agravando, reforçámos as nossas políticas de controlo e conformidade [com as normas internacionais, da ONU e da OCDE]. Se tomarmos conhecimento de procedimentos comerciais que entrem em conflito com as nossas políticas, reagimos prontamente”, lê-se num comunicado datado de Junho de 2025, divulgado no site da Maersk.
Na sequência de uma reavaliação dos seus serviços de transporte de e para a Cisjordânia ocupada, a Maersk diz ter “reforçado ainda mais” os seus “procedimentos de controlo em relação aos colonatos israelitas, alinhando-os com a base de dados do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU sobre empresas a exercer actividade nos colonatos”, adianta.
A Maersk não adianta detalhes sobre essa reavaliação de relações comerciais, não sendo claro com quais ou quantas entidades mantinha acordos nos territórios palestinianos da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, ocupados há mais de 50 anos e onde vivem hoje perto de 700 mil colonos.
Grupos activistas pró-Palestina em todo o mundo têm denunciado a Maersk por transportar mercadorias para empresas que operam na Cisjordânia ocupada e servem os colonatos israelitas (cuja expansão é descrita pela ONU como crime de guerra), mas também por transportar equipamento militar e armamento fornecido pelos Estados Unidos para Israel.
“Esta é uma decisão histórica por parte da Maersk, líder do seu sector, e abre um precedente para o comércio com entidades que desrespeitam o direito internacional”, reagiu o Palestinian Youth Movement, que coordena a campanha Mask Off Maersk (em português, “desmascarar a Maersk”). “Apesar de celebrarmos esta vitória, a luta ainda não terminou. Enquanto a Maersk continuar a enviar peças de armamento que permitem o genocídio do povo palestiniano por Israel, não vamos parar de a expor e de exigir o corte dos laços com o genocídio.”
Também este mês, a Maersk publicou um esclarecimento sobre o transporte de peças para caças F-35, confirmando que uma das suas filiais, a Maersk Line Limited, com bandeira norte-americana, actua como transportadora entre países parceiros no fabrico destas aeronaves, incluindo Israel e os Estados Unidos. Ainda assim, e apesar de também já ter confirmado o transporte de carga civil e militar dos EUA para Israel, nega o transporte de “armas e munições para zonas de conflito activo”.
No rescaldo da guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, a gigante dinamarquesa mantém temporariamente suspensas as escalas de navios e a recolha de carga no porto israelita de Haifa, mantendo as operações no porto de Ashdod, a poucos quilómetros da Faixa de Gaza.
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