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Marko Arnautovic, o homem dos sete, oito ou nove ofícios | Futebol internacional

Vodka, gin, maquilhagem, marcar golos, provocar pessoas, insultar outras tantas e animar a festa. Para efeitos de natureza proverbial, estes são os sete ofícios de Marko Arnautovic. Em rigor, porém, são muitos mais, porque falamos de um homem de incontáveis camadas – no futebol, na vida, no talento e na desordem.

Neste domingo, o avançado austríaco de quase 36 anos voltou a marcar pelo Inter e foi decisivo no 2-1 à Udinese que permite à equipa de Milão manter-se isolada na liderança da Liga italiana.

Não será justo entrar num texto de futebol com vodka, gin e maquilhagem e deixar essas referências para o fim do texto, como engodo que mantém o leitor intrigado. Fechemos já o tema: apesar de jogar futebol, este é um homem que já entrou no negócio da vodka, já criou aquela que diz ser uma “inesperadamente frutada” versão de gin e já alargou a mão à cosmética masculina. Porquê? Porque ele pode. Vamos agora ao futebol.

Ver Marko Arnautovic entrar em áreas incomuns para um jogador de futebol não é assim tão surpreendente quanto isso. Estamos a falar de um homem excêntrico e que sempre procurou ser diferente dos demais.

Com uma extensa lista de casos de indisciplina, Arnautovic foi homem de casos de insultos a adversários (até com racismo envolvido), de agressões, de celebrações de golo a provocar um ex-treinador ou de problemas de responsabilidade. Mourinho, que o treinou no Inter, chegou a dizer que é uma pessoa fantástica, mas com a atitude de uma criança – motivo pelo qual lhe bateu palmas e ofereceu um relógio num dia em que o jogador chegou cedo a um treino.

Arnautovic espalhou pela Europa o rasto de “bad boy”, uma caracterização suportada pelo comportamento, pela irresponsabilidade e até pela arrogância – qualquer coisa como um aprendiz de Ibrahimovic, mas com uma diferença: o talento de Zlatan enevoou a arrogância, enquanto a arrogância de Arnautovic enevoou o talento.

Twente, Werder Bremen, Stoke, West Ham, Shanghai e Bolonha não são clubes que façam reluzir um CV futebolístico, sobretudo quando se tem o talento que este austríaco tinha. Sim, há aqui três campeonatos “big 5”, mas nenhum destes deu a Arnautovic um título que fosse.

Tudo o que este jogador conquistou foi fruto de três jogos pelo Inter de José Mourinho, em 2009, e, nas últimas duas temporadas, pelo Inter de Inzaghi.

Com quase 36 anos, não esperem vê-lo muito tempo em campo – nos últimos dois anos só duas vezes fez 90 minutos num jogo –, mas esperem vê-lo ter influência. E, pela primeira vez na carreira, está a ser relevante numa equipa de primeira água, depois de uma carreira de bom nível, mas abaixo do que se chegou a esperar.

Mark Noble, ex-colega em Inglaterra, chegou a definir este jogador: “Todos tínhamos receio da reputação de bad boy. Mas que homem tão, mas tão engraçado. E que jogador era quando se ligava – alguns dias, nos treinos, nem conseguíamos chegar perto dele, de tão rápido e forte”.

Em três frases, Noble fez uma definição bastante completa de Arnautovic, em quatro domínios. Por um lado, uma pessoa irascível. Por outro, uma personagem hilariante. Por outro ainda, um jogador muitas vezes desinteressado. Por fim, um talento soberbo.

Arnautovic foi e é tudo isto – é pelo desvario e pelo desinteresse que não chegou onde desejaria, mas é também pelo talento que ainda conseguiu chegar perto desse patamar.

Depois de ir para a China, em 2019, com 30 anos, pensou-se que o trabalho deste jogador estava feito. Ia rechear os bolsos ao lado de Óscar e Hulk e, possivelmente, já só voltaria para um “futebol pequenino”. Mas voltou para a Liga italiana, marcou golos pelo Bolonha e ainda convenceu o Inter a pagar mais de dez milhões de euros para ter um jovem de 35 anos que o próprio Inter já tinha tido por empréstimo, há uns anos, mas sem qualquer sucesso.

Por estes dias, Arnautovic mantém a qualidade tremenda no pé direito e continua a ser um exemplar raro de altura, força e técnica, conseguindo ainda ser dos jogadores mais eficazes no jogo de apoios frontais – é muito alto, recebe muito bem de costas e liga o jogo com facilidade, fixando marcações e abrindo, por extensão, espaço para os colegas.

Já não é tão potente? Nem por isso. Não é um goleador soberbo? Nunca foi. Não tem juízo? Também nunca teve. Mas a maturidade futebolística fez deste jogador um corpo útil para um Inter que é, possivelmente, das equipas mais adultas do futebol europeu – processos consolidados, jogadores experientes e uma equipa muito constante e consistente no futebol que apresenta ano após ano.

Por muita culpa própria, só aos 35 anos Marko pôde ser jogador para estes futebóis.

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