Ainda não há explicação para o apagão que varre a Península Ibérica e parte da França desde as 11h30 (hora de Portugal continental) desta segunda-feira. Porém, a hipótese de serem tempestades solares a provocar este incidente não parece plausível. Pelo menos para já, não há pistas que apontem nesse sentido.
“Não tenho nenhuma indicação de que isto esteja relacionado com o tempo solar”, sublinha Dalmiro Maia, investigador da Universidade do Porto especializado neste tema, numa breve troca de mensagens. O mesmo afirmou Domingos Barbosa, investigador do Instituto de Telecomunicações.
Há alguns argumentos para descartar, até prova em contrário, esta hipótese. Uma tempestade solar seria, por exemplo, menos selectiva e afectaria provavelmente outros países como Itália ou Luxemburgo, para além da Península Ibérica e da França. Além disso, as erupções solares tendem a incidir sobretudo nos pólos – algo que neste apagão não aconteceu.
A entidade norte-americana responsável pela avaliação atmosférica e oceânica (NOAA, na sigla em inglês) não detectou qualquer tempestade solar durante aquele período ou mesmo esta segunda-feira. A própria Agência Espacial Europeia também não deu nota de qualquer actividade anómala – e ambas costumam fazê-lo. Ou seja, não há registos de tão intensa actividade do Sol.
A causa para o problema que gerou o apagão esta segunda-feira ainda está por apurar. O primeiro-ministro Luís Montenegro afastou para já a possibilidade de ser um ataque informático, apontando que a origem da falha está na rede espanhola.
Apocalipse não chegou
Embora os últimos anos tenham propagado a possibilidade de uma intensificação das erupções solares provocar um “apocalipse da Internet”, dificilmente é esse o caso.
Na verdade, o que acontece neste momento é que estamos perante ciclos solares em que, a cada 11 anos, o Sol torna-se mais violento, com erupções solares mais fortes e que expelem imensa energia e radiação. Normalmente, estas fortes erupções solares originam também as auroras boreais. As erupções solares são particularmente sentidas nos pólos da Terra, daí que se vejam mais auroras nessas regiões – e que seja particularmente difícil que uma tempestade solar não “ataque” estas zonas, mas sim três países do Sul da Europa.
Não é, no entanto, impossível que haja uma enorme tempestade solar a arrebatar as comunicações em Terra. Na verdade, já aconteceu em 1859, no apelidado “Evento de Carrington”. Esta é a tempestade geomagnética, um distúrbio provocado por vento solar na magnetosfera da Terra (a parte exterior da nossa atmosfera), mais intensa de que há registo. Com ela vieram auroras fortes, incêndios em centrais de telégrafos e problemas nas comunicações.
Há vários anos que se fala num elevado risco de uma erupção solar perto de 2025 que poderia criar uma disrupção tal que não existira internet durante um ano. Ora, tal não será verdade. O Sol terá, de facto, mais actividade até ao final desta década, mas muito dificilmente isso terá repercussões tão severas quanto a possibilidade de apagar a Internet durante um ano inteiro.
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