Apesar dos receios, a última noite foi tranquila na cidade de Torre Pacheco, em Múrcia, onde nos últimos dias se tem assistido a uma onda de violência xenófoba. Os únicos momentos de tensão ocorreram quando manifestantes da extrema-direita ameaçaram e perseguiram jornalistas espanhóis.

Com a polícia em peso na pequena localidade de Torre Pacheco, em Múrcia, a manifestação prevista para a última noite deu em quase nada. Pela primeira vez em vários dias não houve distúrbios e a fúria dos militantes de extrema-direita voltou-se para os jornalistas que foram ameaçados, vaiados e perseguidos.

O presidente da Câmara esteve na entrada do bairro de Santo António, palco dos confrontos que começaram na semana passada após o violento ataque a um idoso.

Dezenas de nacionalidades têm convivido pacificamente em Torre Pacheco. Uma terra de 40 mil habitantes, onde 30% da população é imigrante. Tudo se alterou na semana passada quando um idoso de 68 anos contou que foi abordado por três jovens, quando caminhava na rua, e foi espancado por um deles enquanto os outros dois observavam e filmavam.

As autoridades associam o incidente a um desafio viral que incentiva ataques a pessoas vulneráveis em troca de visualizações.

O agressor, de 19 anos, de origem marroquina, foi detido e aguarda julgamento em prisão preventiva.

Este incidente foi o detonador de uma onda de violência que tomou conta da cidade, com grupos da extrema direita a comandarem os distúrbios.

A polícia espanhola identificou uma centena de ultranacionalistas e neonazis que chegaram a Múrcia, vindos de outros países europeus, nomeadamente Itália e Roménia, para irem a Torre Pacheco “caçar os imigrantes”- uma a expressão que estes grupos utilizam nas redes sociais para convocarem manifestações e incitarem ao ódio.