Foi em 2017 que o Grupo Doca de Santo, cujo restaurante nas Docas de Lisboa celebrou o seu 30.º aniversário este ano, foi comprado pelo Grupo Capricciosa e esse foi um “passo crucial” na trajectória da empresa, declara Ana Arié, directora-geral do grupo, após a inauguração de mais um espaço, desta vez em Cascais, a cafetaria Jângal. As outras marcas do grupo, além das pizzarias Capricciosa, são: a Sophia, também de inspiração italiana; a Selllva com o foco na comida saudável do mundo; a Doca de Santo e a gastronomia portuguesa; o Lat.A de inspiração latino-americana e o Irish & CO. Ao todo são 15 espaços na Grande Lisboa.
“A estratégia tem-se focado na expansão de conceitos-chave e no desenvolvimento de novos conceitos, sempre com um compromisso muito claro: criar experiências memoráveis, consistentes e adaptadas aos tempos de hoje e às necessidades dos clientes”, declara Ana Arié ao PÚBLICO, dando como exemplo o restaurante Lat.A, mesmo ao lado da Doca de Santo, em Alcântara, onde aos sábados há um churrasco pensado para as famílias. Há uma preocupação em dar uma resposta à classe média? “Sempre houve. Aliás, essa é uma das nossas bandeiras: a democratização do acesso a experiências gastronómicas de qualidade. Acreditamos que é possível proporcionar boa comida, bom ambiente e bom serviço sem que isso seja um luxo inacessível”, responde a directora-geral, acrescentando que o preço médio por refeição é entre 18 e 25 euros. “Queremos que as pessoas possam voltar — e tragam amigos, família, filhos ou colegas de trabalho.”
As famílias marcam presença não só no Doca de Santo — ao almoço há vários pais e filhos, bem como avós com os netos, que podem brincar num pequeno espaço pensado para os mais novos —, mas também ao jantar no Selllva de Campo de Ourique, cuja inspiração é África e, nas noites de sexta e sábado, o espaço convida a viajar até à savana e aos churrascos, com um menu de carne e marisco, em que cada prato inclui dois acompanhamentos e um molho à escolha, destacando-se opções como batata-doce, nasi goreng de vegetais, feijão preto com bacon e molhos como creme de abacate ou kimchi; bem como com um menu infantil (9€) para os miúdos até aos 12 anos.
Restaurante Doca de Santo fez 30 anos
Nuno Ferreira Santos
O Selllva tem já três espaços, todos em Lisboa, que em comum têm uma “cozinha saudável, criativa e inclusiva, sem fundamentalismos alimentares”, define o grupo em comunicado à imprensa. Trata-se de uma marca com influências de várias geografias. O primeiro a abrir foi junto ao Marquês de Pombal, em 2019, aberto desde manhã cedo, num elogio às cozinhas do mundo; o de Campo de Ourique, mais focado em África; e, em meados de Junho, no LX Factory, inaugurou o restaurante com inspiração asiática. “É uma marca que nos entusiasma profundamente, pela sua abordagem democrática, inovadora e pelo conceito verdadeiramente diferenciador que trouxe ao panorama da restauração”, declara a responsável do grupo de que faz também parte o universo do chef José Avillez — os Arié são accionistas do grupo do cozinheiro desde 2009, embora sejam empresas distintas com projectos autónomos.
“Desde que iniciámos a nossa aventura na restauração com a sociedade com o chef José Avillez, o nosso plano foi sempre, claro, ir mais longe. Ao longo de 15 anos de actividade, temos vindo a crescer de forma consistente — primeiro com as marcas do chef José Avillez e, em 2017, com a aquisição do antigo Grupo Doca de Santo, hoje conhecido como Grupo Capricciosa, que marcou um passo crucial na nossa trajectória”, continua Ana Arié.
Nos primeiros anos, a empresa concentrou-se em fazer mudanças internas e “revitalizar conceitos” — “acima de tudo, quisemos conhecer verdadeiramente as marcas e aprender a trabalhá-las com profundidade e autenticidade”, explica. Depois, em 2019 criou a primeira marca própria, o Selllva. Seguiu-se o Sophia, que começou por estar no Cais do Sodré, e chegou também ao LX Factory, o Sophia Pizzoteca & Bar, com “uma linguagem mais irreverente e disruptiva”, define a CEO, acrescentando que, “ainda em plena fase pós-pandemia”, o grupo desenvolveu o conceito do Lat.A, “um restaurante que celebra os sabores e o espírito festivo da América Latina, com gastronomia vibrante e uma programação de animação constante que inclui desde rodas de samba a ritmos latinos”.
Não muito longe do conceito do Selllva, foi criada recentemente a marca Jângal, que é uma cafetaria “saudável e inclusiva, sem fundamentalismos, que promove uma alimentação equilibrada e acessível”, define. Esta inaugurou em Cascais, partilhando espaço com uma Capricciosa já existente. Além disso, tem uma oferta para as empresas, o Corporate Catering, com propostas de pequenos-almoços de equipa, coffee breaks e working lunches, um serviço que pode ser encomendado a partir de 12 pessoas.
Cafetaria Jangal em Cascais
DR
No total são 15 espaços e mais de 400 trabalhadores. “O ano de 2024 ficou marcado como aquele em que mais crescemos em número de restaurantes, com a abertura de cinco novos espaços. Actualmente, vivemos uma fase de consolidação estratégica, com foco em garantir a consistência e a excelência em todos os projectos do grupo”, diz Ana Arié. Este ano, as aberturas foram o Selllva na LX Factory e o Jângal, em Cascais. Para já, não estão previstas mais aberturas para este ano.
E o futuro? “O objectivo é crescer de forma sustentada, com propósito e coerência. Esta é uma das chaves da nossa estratégia: foco e expansão sustentada.” O grupo continua apostado na Grande Lisboa, onde continua a “identificar locais estratégicos para crescer”. Contudo, não excluiu a expansão para outras regiões do país, “desde que haja coerência entre o local, a marca e a experiência que queremos oferecer”, salvaguarda.
Com que concorrem as marcas do grupo Capricciosa? Ana Arié prefere não identificá-las, antes defende que a concorrência é “saudável e necessária”. E conclui: “Olhamos para a concorrência como uma forma de nos mantermos atentos, humildes e inquietos. Mas o nosso foco está em sermos melhores para os nossos clientes e equipas — não em sermos ‘melhores que os outros’.”
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