As tarifas draconianas impostas ao Brasil por Donald Trump entraram em vigor numa semana de alta temperatura política. Enquanto a extrema-direita sinaliza apoio ao Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), o ex-chefe de Estado brasileiro Jair Bolsonaro está em prisão domiciliária e aliado seus ocupam a mesa do Congresso, de forma a impedir qualquer atividade legislativa. A principal exigência desse grupo parlamentar é a destituição do juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a amnistia geral e irrestrita a todos os participantes na tentativa de golpe de Estado do dia 8 de janeiro de 2023.

Trump traça seu plano político para o Brasil. Mais do que interesses económicos, visa desestabilizar o país e abalar as instituições, de forma a abrir caminho para a extrema-direita voltar ao poder. “As sanções de Trump ao Brasil são o momento mais grave de tensão e conflito na história da relação entre os dois países”, diz ao Expresso Conrado Hübner, professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. “Mesmo quando os EUA, nas décadas de 1960 e 1970, financiaram e incentivaram golpes de Estado e a instalação de ditaduras na América Latina, não havia essa interferência insidiosa, aberta e explícita na soberania para apoiar forças políticas que lutam pela rutura democrática no Brasil”.