É um feito. Foi apresentado o primeiro computador biológico “corpo numa caixa” do mundo que usa células cerebrais humanas com computação baseada em silício. E vai custar 35 mil dólares!
CL1 - de que estamos a falar?
A empresa australiana de biotecnologia Cortical Labs apresentou aquele que afirma ser “o primeiro computador biológico do mundo com código implementável”, combinando células cerebrais humanas com computação tradicional baseada em silício.
O sistema, denominado CL1, foi apresentado no Mobile World Congress em Barcelona e está a ser explorado pelo seu potencial em inteligência artificial (IA) e aprendizagem automática.
O CL1 consiste num chip de silício com neurónios humanos cultivados em laboratório na sua superfície. Estes neurónios são capazes de responder a sinais elétricos, formando redes que processam informações de forma semelhante a um cérebro biológico.
O sistema foi concebido para permitir comunicação bidirecional, onde impulsos elétricos estimulam os neurónios, e as suas respostas são registadas e analisadas. Para garantir a viabilidade dos neurónios, o CL1 está equipado com um sistema de suporte vital que regula temperatura, troca de gases e outras condições essenciais.
Integração de células cerebrais como parte de um computador
Um dos aspetos notáveis do CL1 é a sua capacidade de aprender e adaptar-se a tarefas. Pesquisas anteriores demonstraram que sistemas baseados em neurónios podem ser treinados para desempenhar funções básicas, como jogar videojogos simples.
O trabalho da Cortical Labs sugere que a integração de elementos biológicos na computação pode melhorar a eficiência em tarefas em que a IA tradicional enfrenta dificuldades, como o reconhecimento de padrões e a tomada de decisões em ambientes imprevisíveis.
A Cortical Labs afirma que os primeiros computadores CL1 estarão disponíveis para envio aos clientes em junho, com cada unidade a custar cerca de 35.000 dólares.
A utilização de neurónios humanos na computação levanta questões sobre o futuro do desenvolvimento da IA. Computadores biológicos como o CL1 podem oferecer vantagens sobre os modelos convencionais, especialmente em termos de eficiência de aprendizagem e consumo energético.
A adaptabilidade dos neurónios pode conduzir a melhorias na robótica, automação e análise de dados complexos. No entanto, a escalabilidade desta tecnologia permanece incerta.
Produzir e manter sistemas baseados em neurónios é significativamente mais complexo do que fabricar processadores tradicionais, e garantir a sua estabilidade a longo prazo apresenta desafios adicionais.
Também surgem preocupações éticas quanto ao uso de células cerebrais humanas na tecnologia. Embora os neurónios utilizados no CL1 sejam cultivados em laboratório e não possuam consciência, futuros avanços na área poderão exigir diretrizes para abordar questões morais e regulatórias.
A perspetiva de integrar células vivas com hardware computacional abre discussões sobre os limites da inteligência artificial e da cognição semelhante à humana.
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