A Igreja Católica fica em estado de “sede vacante” quando não há um Papa para a liderar. Durante esse período, mais de mil milhões de católicos aguardam a eleição do novo líder da Igreja Católica, que marca o fim de uma série de rituais rigorosamente regulamentados.
O trono de S. Pedro fica vazio após a morte ou renúncia de um Papa. Quando um Papa morre, o cardeal camerlengo do colégio dos cardeais verifica o ocorrido através de um acto cerimonial: chama o nome de baptismo do Papa três vezes e, ao não receber resposta, declara o sumo pontífice morto. Depois, tranca os aposentos papais e quebra o anel e o selo do Papa para simbolizar o fim do seu governo.
O funeral do Papa deve ocorrer entre quatro e seis dias após a sua morte, de acordo com a constituição que rege a transição papal, e a Igreja entra em luto por nove dias.
Entre 15 e 20 dias depois da morte de um Papa, começa o conclave. Até que seja conhecido o nome do novo líder do Vaticano, a direcção da Igreja Católica fica sob a responsabilidade do colégio dos cardeais.
Fechado à chave
A palavra “conclave” vem do latim cum clavis, que significa fechado à chave. Durante todo o conclave, que pode demorar vários dias, os cardeais dormem na Casa de Santa Marta, junto à Basílica de S. Pedro, e votam em quem consideram que deve ser o próximo Papa na Capela Sistina. Tudo isto enquanto evitam o contacto com o mundo exterior, para evitar qualquer tipo de influência.
O conclave é extremamente privado. Antes de se iniciar a votação, toda a área é escrutinada em busca de microfones ou câmaras escondidas. Durante o processo, os cardeais só podem ter acesso a assistência médica. À zona que envolve a sala onde decorre o conclave só podem aceder padres para as confissões e pessoal de manutenção e limpeza, e todas estas pessoas ficam obrigadas a uma cláusula de segredo sobre tudo o que ouvirem ou virem.
No primeiro dia, os cardeais eleitores, que não podem ser mais do que 120 e devem todos ter menos de 80 anos, reúnem-se na Capela Sistina à porta fechada e discutem sobre os potenciais candidatos a Papa, que pode ser qualquer homem, maior de idade e baptizado pela Igreja Católica — o último Papa que não era cardeal foi eleito há quase 650 anos.
Actualmente, há quatro cardeais portugueses que poderão eleger o Papa num futuro conclave: Américo Aguiar, bispo da Diocese de Setúbal; António Marto, bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima; Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; e Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, e que substituiu o Papa Francisco na missa de domingo quando o pontífice estava hospitalizado.
Neste primeiro dia de conclave, há apenas uma votação, mas a partir do segundo dia os cardeais devem votar duas vezes de manhã e duas vezes de tarde. Depois de cada ronda, os boletins são queimados num fogão montado para a ocasião.
A seguir, perante os olhos do mundo, sairá fumo preto ou branco da chaminé da Capela Sistina. O preto significa que o conclave continua. O branco anuncia que há um novo Papa, o que só acontece quando um cardeal obtém dois terços dos votos dos eleitores presentes
Ao cardeal eleito é perguntado se aceita a nova função e qual é o nome pelo qual passará a ser designado. Logo, é levado ao aposento das lágrimas, onde veste pela primeira vez os hábitos pontifícios: alva e roquete branco, estola vermelha e solidéu branco.
O fumo branco anuncia que há um novo Papa, o que só acontece quando um cardeal obtém dois terços dos votos dos eleitores presentes
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A seguir, o decano do colégio dos cardeais anuncia na varanda da Basílica de S. Pedro a famosa frase latina: “Annuntio vobis gaudium magnum. Habemus Papam” (Anuncio-vos uma grande alegria. Temos Papa), prosseguida pelo nome do cardeal eleito e o nome pontifical escolhido.
Finalmente, o novo pontífice proclama um breve discurso que termina com a bênção Urbi et Orbi: à cidade (de Roma) e ao mundo.
O Papa Francisco na varanda de Basílica de São Pedro, após a sua eleição como líder da igreja católica, em 2013
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