As limpezas de Primavera fazem-nos muitas vezes a encontrar objectos de borracha inutilizados: bóias furadas, chinelos velhos, brinquedos de piscina ressequidos. Onde descartar estes resíduos? Há quem os deposite no ecoponto amarelo, mas não é esse o destino correcto, uma vez que esses itens não são embalagens de plástico ou metal.

“No caso de chinelos, bóias, brinquedos e outros objectos de borracha ou plástico que não são embalagens, o destino não deve ser o ecoponto amarelo. Este contentor é exclusivo para embalagens de plástico, metal e ECAL (conhecidas como Tetrapack), tais como garrafas de água, embalagens de iogurte, latas e pacotes de leite ou sumos”, explica ao Azul Ana Matos, directora de comunicação da Electrão, uma das diferentes entidades responsáveis pela gestão de embalagens metálicas e plásticas em Portugal.

José Manuel Ribeiro, presidente do conselho de administração da Lipor, recorda que é preciso pensar sempre na função do objecto que vamos descartar. Um par de chinelos não é uma embalagem, valendo o mesmo raciocínio para bóias e brinquedos.

“O ecoponto amarelo é destinado a resíduos de embalagens plásticas e metálicas, ou seja, um resíduo que teve como função embalar, transportar, apresentar, proteger um produto”, clarifica o responsável da Lipor.

E as botijas de água quente?

Além da função do objecto, há ainda a questão do material. Chinelos de borracha, seja de origem natural ou sintética, não são plásticos. Portanto, não podem ser depositados nos ecopontos. E essa lógica procede com outros itens de borracha que temos nas nossas casas, como as botijas de água quentes, usadas para amenizar dores ou aquecer os pés no Inverno.

“Uma botija de aquecimento furada, assim como todos os resíduos que não foram embalagens, não deve ser colocada neste fluxo. Dependendo do material de que é feita, pode ser entregue num ecocentro”, sugere José Manuel Ribeiro. Existem mais de 230 ecocentros em Portugal, distribuídos pelas várias regiões (confira a lista completa da Sociedade Ponto Verde).

Não havendo a possibilidade de seguir para um ecocentro, objectos de borracha inutilizados têm mesmo de ser depositados no lixo comum. “Se estiverem em bom estado, estes objectos de borracha podem ser reutilizados, doados ou entregues em lojas solidárias. Em alguns municípios, existem também projectos de recolha específica ou reutilização criativa, que podem ser uma alternativa válida. Quando não existir outra solução, o destino é o contentor de resíduos indiferenciados”, conclui Ana Matos.

A responsável do Electrão nota que os sistemas de gestão de resíduos, tanto em Portugal como em muitos outros países europeus, “ainda não estão preparados para separar e reciclar toda esta multiplicidade de materiais e composições” – que, hoje, vão dos acrílicos à borracha, passando por outros polímeros. Esta “limitação estrutural, comum à maioria dos sistemas de reciclagem, mesmo seguindo as melhores práticas internacionais”, argumenta Ana Matos, faz com que muitos artigos em fim de vida não possam ser recuperados.