Numa noite que se esperava marcada por alusões ao momento turbulento que se vive na política norte-americana, e na relação dos Estados Unidos com outros países, a cerimónia dos Óscares acabou por ser relativamente omissa nesse aspeto.
No monólogo de abertura, Conan O’Brien referiu apenas a importância da arte numa época marcada por “política divisivas” e catástrofes naturais, como os fogos que recentemente assolaram a região de Los Angeles, na Califórnia, onde a cerimónia dos Óscares têm lugar.
Na hora de agradecer, alguns premiados foram mais interventivos. Distinguidos com o Óscar de melhor documentário, por “No Other Land”, o palestiniano Basel Adra e o israelita Yuval Abraham fizeram um apelo à paz.
“Fui pai há dois meses e o meu desejo é que a minha filha não tenha de passar por aquilo que eu passo”, disse Basel Adra, referindo-se à “violência, às demolições de casas e aos deslocamentos” de que a sua comunidade (um conglomerado de 20 aldeias no sul da Cisjordânia, perto da fronteira entre Israel e a Palestina) é vítima. “E continuamos a resistir. Rogamos ao mundo que tome medidas para pôr termo à injustiça e à limpeza étnica do povo palestiniano.”
Por seu turno, Yuval Abraham afirmou: “Fizemos este filme juntos, palestinianos e israelitas, porque juntas as nossas vozes são mais fortes. A atrocidade em Gaza tem de acabar e os reféns israelitas têm de ser libertados”, defendeu. “Olho para o Basel e vejo um irmão, mas nós não somos iguais. Eu vivo num regime em que sou livre, aos olhos da lei, enquanto ele está sujeito a leis militares que destroem a sua vida. Há uma solução política, com direitos para ambos os povos, sem supremacia étnica. E a política externa deste país [Estados Unidos] tem impedido esse caminho”, disse.”Não veem como estamos ligados? O meu povo poderá estar seguro quando o povo dele for livre e seguro. Não é tarde, para os vivos.”
Veja aqui o seu discurso:
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