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Portugueses têm 16 milhões de telemóveis “na gaveta” | Resíduos

Existem 16,1 milhões de telemóveis sem uso guardados em lares portugueses, contabiliza um relatório da Fraunhofer Áustria sobre o potencial dos smartphones não utilizados nos lares europeus. Desse total, 5,1 milhões de unidades poderiam ser recondicionadas e reutilizadas, o que representa um valor potencial de mercado de 162 milhões de euros para a economia portuguesa.

“Isto equivale a cerca de 1,57 smartphones per capita, com base na população estimada de 10,3 milhões, empatando com a República Checa no maior número de smartphones nas gavetas per capita”, afirma ao Azul Peter Windischhofer, co-fundador e director da Refurbed, empresa de dispositivos electrónicos recondicionados que encomendou o estudo.

Uma vez guardados em gavetas, estes aparelhos são excluídos da economia circular. Os telemóveis antigos ou obsoletos podem ter pouco valor de mercado, mas contêm certas componentes ou metais que podem ser reaproveitados – é o caso do cobre, ouro ou paládio. Já os modelos novos, mas avariados ou danificados, podem ser recondicionados e ganhar uma segunda vida nas mãos de um novo dono.

“Para que Portugal melhore o desempenho nesta área, é fundamental incentivar a recolha destes dispositivos e aumentar a literacia tecnológica e financeira entre os consumidores”, acredita Peter Windischhofer, que apela à promoção de “uma nova cultura de consumo sustentável”.

Recondicionado vs. 2.ª mão

O responsável da Refurbed afirmam que muitos não compreendem a diferença entre adquirir um aparelho recondicionado e um em segunda mão. “Enquanto os dispositivos em segunda mão são simplesmente revendidos no estado em que se encontram, os dispositivos recondicionados passam por processos rigorosos de testes, reparação e limpeza para garantir que funcionam como novos, sendo ainda acompanhados por uma garantia. Esta distinção nem sempre é clara para os consumidores”, reconhece Peter Windischhofer.

O director executivo da Refurbed admite ainda que haja “um certo preconceito” em relação aos produtos recondicionados, que muitas vezes são vistos como “usados” e, portanto, com menor qualidade. “A conveniência e a cultura do ‘novo’, que valoriza a posse dos modelos mais recentes, também podem influenciar o comportamento dos consumidores”, refere o responsável, em resposta ao Azul.

Ainda assim, desde a entrada no mercado português, em Julho de 2024, a Refurbed tem registado uma forte adesão inicial”, sendo os smartphones a categoria mais popular, seguidos por dispositivos de áudio, smartwatches e consolas de jogos. Segundo a empresa, os dados sugerem que aparelhos como o iPhone 13, os AirPods Pro 1, a PlayStation 4 e o Apple Ultra Watch estão entre os artigos mais procurados pelos consumidores em Portugal, indicando “um crescente interesse pela tecnologia recondicionada no país”.

E o mercado europeu?

O relatório sobre o mercado europeu revela “o enorme potencial adormecido” dos telemóveis “encostados” não só nas casas portuguesas, mas também em toda a Europa. “Com cerca de 642 milhões de aparelhos antigos, dos quais cerca de 211 milhões são adequados para renovação, existe uma oportunidade significativa para reduzir a procura de recursos e reforçar a economia circular”, lê-se no relatório da Fraunhofer Áustria.

Dos aparelhos obsoletos ou irreparáveis poderiam ser extraídas quantidades significativas de matérias-primas críticas, incluindo 8916 toneladas de cobalto e 18 toneladas de ouro. A recuperação desses recursos contribuiria para “reduzir significativamente” a dependência europeia de matérias-primas primárias, sublinha o documento.

“O valor metálico dos dispositivos não utilizados ascende a aproximadamente 1,57 mil milhões de euros, o que representa um forte incentivo económico para melhorar os processos de reciclagem”, indica o relatório. Por outro lado, quando não descartados de forma segura, os resíduos electrónicos podem lixiviar metais para o solo e para a água, com consequências para a saúde humana e ambiental.

“Benefícios ecológicos”

Já o recondicionamento de telemóveis permite dar “uma segunda vida” de equipamentos que ainda funcionam, mas que, por diferentes razões, já não são usados pelos donos. O documento refere que há “benefícios ecológicos” no acto de vender ou dar à troca dispositivos que já não são utilizados.

“Através de uma renovação consistente e do prolongamento da vida útil, cerca de 24 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente poderia ser evitado [por ano na Europa] e o consumo virtual de água reduzido em 8,5 mil milhões de metros cúbicos”, refere o relatório da Fraunhofer Áustria.

O documento também realça o potencial desperdiçado dos telemóveis para promover a economia circular, contribuir para a criação de emprego local no sector da reparação e reciclagem e, por fim, reduzir “os impactos sociais negativos da extracção de matérias-primas e da deposição inadequada.”

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