Não estamos a propor um marketing romântico ou “alternativo”. Estamos a falar de marcas que querem construir significado, reputação e influência. Para isso, os famosos KPI’s, são apenas uma parte.
Vivemos obcecados por métricas. Por números que provem, justifiquem, comparem. ROI aqui. ROI ali. ROI ou nada. Afinal, se não conseguimos medir, valeu a pena fazer? Talvez esteja na hora de reequacionar a pergunta. Porque nem tudo o que conta pode ser contado. E nem tudo o que pode ser contado… conta mesmo.
A força de uma ação não se resume ao custo por lead ou ao aumento momentâneo de vendas. Há experiências que mexem com algo mais fundo e mais duradouro, que criam relação, que acendem conversa e que tocam. Nesse território, o ROI (Retur on Investment), sozinho, revela-se um instrumento de medição limitado. Preciso, sim. Mas parcial.
E se o sucesso não for só mensurável?
Entramos num momento interessante do marketing experiencial. Por um lado, a pressão para justificar investimentos é cada vez maior. Por outro, as marcas querem fazer coisas que marcam — não apenas que se destacam positivamente em performance. Como se resolve esta tensão?
Uma pista está em reconhecer que o ROO (Return on Objectives) deve ser o primeiro passo. Antes de qualquer evento, campanha ou ação, é essencial definir claramente para que serve e o que se pretende atingir. Notoriedade? Engagement? Alinhamento interno? Educação? Só depois faz sentido falar em ROI — e só com objetivos bem definidos é que se pode medir retorno financeiro com realismo.
E depois, há o ROE — o Retorno Emocional. Mais difícil de medir? Sem dúvida. Menos relevante? De todo.
É, aliás, muitas vezes o ROE que determina se alguém se vai lembrar da marca, recomendar a experiência ou escolher aquela empresa em detrimento de outra. Porque decisões não são sempre racionais. E o marketing também não devia ser.
Uma das formas de traduzir o ROE é o NPS (Net Promoter Score) — uma métrica simples, mas poderosa, que capta o grau de recomendação espontânea. No entanto, mesmo aqui, é preciso ler para lá do número. O NPS só se torna verdadeiramente útil quando interpretado com sensibilidade e contexto, como reflexo de uma vivência emocional e não apenas como um score a bater.
Mas como se mede uma emoção?
Estamos habituados a confiar no que dá para quantificar. Mas há um desafio interessante (e talvez urgente) em aprender a ler os sinais que vêm do intangível. O tom de voz nos testemunhos, o brilho no olhar de quem participou, as reações espontâneas nas redes. O impacto que não se explica, mas que se sente.
Não estamos a propor um marketing romântico ou “alternativo”. Estamos a falar de marcas que querem construir significado, reputação e influência. Para isso, os objetivos de análise tradicionais, os famosos KPI’s, são apenas uma parte da história.
Para refletir: estaremos a medir apenas aquilo que é fácil de medir? E o que se perde quando ignoramos o que não cabe numa célula de Excel? Estaremos a dar espaço à intuição ou tornámo-nos reféns do racional? Num mundo que exige resultados fora da caixa, porque será que insistimos em medir tudo?
Não se trata de escolher entre ROI e ROE. Trata-se de reconhecer que o impacto real — aquele que perdura — vive muitas vezes no espaço entre os dois.
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