Desde a meia-noite da passada quarta-feira (16 de Abril), a central nuclear de Almaraz, instalada junto ao rio Tejo, em Cáceres, na região espanhola da Extremadura, suspendeu a sua produção de energia.
De acordo com uma nota publicada pela Centrales Nucleares Almaraz-Trillo (CNAT), proprietária do equipamento, a “paralisação deve-se à elevada produção de energia renovável” — principalmente eólica — que teve como consequência “a redução dos preços da electricidade no mercado”.
Antecipando-se às dúvidas de que a paragem pudesse suscitar na opinião pública, o comunicado da CNAT precisa que os dois reactores de Almaraz “estão em perfeitas condições técnicas e de segurança” e que a suspensão da produção “faz parte das operações normais da central e foi realizada de acordo com os procedimentos internos estabelecidos”.
A CNAT explica que a central nuclear de Almaraz “tem custos operacionais muito competitivos”, mas, mesmo assim, a sua viabilidade económica “está seriamente comprometida pela carga tributária insuportável, que representa mais de 75% dos seus custos variáveis”. E acrescenta: “A actual situação do mercado gera ineficiência no sistema eléctrico, que, devido à sua alta tributação em situações de elevada geração renovável causada pela sucessão de tempestades, deixa as centrais nucleares excluídas do mercado de energia eléctrica”.
Exemplificando com números o quadro descrito: ao longo da última quarta-feira, “o custo médio de um megawatt-hora (MWh) em Espanha foi de 12,14 euros, segundo o Operador do Mercado Ibérico de Energia (OMIE). Durante a tarde, houve várias horas em que o preço foi de zero euros ou apenas alguns centavos e até negativo entre as 16 horas e as 17 horas”. No dia anterior, “a energia eólica gerou 33,4% da electricidade do país, enquanto a energia hidreléctrica contribuiu com 17,2% e a solar fotovoltaica com 20,5%”.
A Rede Eléctrica de Espanha (REE), empresa que se dedica ao transporte de energia eléctrica, divulgou a sua posição na sequência da paragem de dois reactores na central de Almaraz, admitindo que o encerramento “aumenta a possibilidade de um apagão em Espanha”.
A REE socorre-se dos dados inseridos num relatório elaborado pela Rede Europeia de Operadores de Sistemas de Transmissão de Electricidade (ENTSO-E). Este organismo prevê a possibilidade de Espanha poder vir a ter um aumento no número de horas em que poderá haver problemas de abastecimento com os reactores de Almaraz parados, frisando que esta “não é uma boa medida”, ao colocar “maior pressão” sobre o sistema eléctrico espanhol.
A REE defende a manutenção da frota nuclear actual para “garantir um fornecimento de energia sustentável e competitivo”.
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