O Sindicato dos Professores do Norte (SPN) promoveu esta segunda-feira, em Vila do Conde, uma manifestação contra a precariedade na investigação científica, considerando que esta é uma “lacuna antiga” que o novo estatuto daquela carreira deixa por resolver.
A manifestação aproveitou a presença do primeiro-ministro e do ministro da Educação, Ciência e Inovação em Vila do Conde para a inauguração de uma infra-estrutura científica da Universidade do Porto. “Estamos aqui para chamar a atenção para a precariedade na investigação. A nível nacional, cerca de 90% dos investigadores são precários”, referiu Hélder Maia, dirigente do SPN.
Hélder Maia acrescentou que o novo estatuto da carreira de investigação científica foi aprovado a 14 de Março e contempla algumas propostas do sindicato, mas “deixa por resolver aspectos fundamentais de um regime transitório, que permitiria a integração na carreira de investigação dos trabalhadores científicos com contratos precários há vários anos”.
“Não resolve o problema de fundo. A maior parte dos investigadores faz funções que deveriam ser públicas e que justificariam contratos dentro do regime da função pública, mas isso não acontece”, acrescentou.
Dirigindo-se aos manifestantes, o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, lembrou que o novo estatuto reflecte, de uma forma geral, as propostas do Governo, mas sublinhou que o projecto de lei foi apresentado pelo PS. Fernando Alexandre sublinhou que o estatuto ainda carece de promulgação por parte do Presidente da República. “Foi aprovado já com um Governo em gestão, poderia ter havido mais ponderação”, criticou o próprio Fernando Alexandre, sublinhando que o documento ainda não está fechado.
A Assembleia da República aprovou a 14 de Março o novo estatuto da carreira de investigação científica, que substitui o estatuto em vigor desde 1999, com novas regras de recrutamento e vinculação. O texto final, relativo a um projecto de lei do PS, foi aprovado com os votos favoráveis de todos os grupos parlamentares, à excepção da Iniciativa Liberal e PCP, que se abstiveram.
Além do estatuto da carreira de investigação científica, o diploma aprova o regime comum das carreiras próprias de investigação científica em regime de direito privado, e o regime transitório da carreira de investigação científica.
Entre as principais mudanças, o novo estatuto introduz novas regras de recrutamento e vinculação e alarga o período experimental dos investigadores para cinco anos e dos investigadores principais e coordenadores para três anos. Por outro lado, reforça também a obrigação de dedicação exclusiva, ao prever que “em regra” o investigador exerce as suas funções no âmbito desse regime.
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