Depois de o ano de 2024 ter ficado marcado por uma descida na natalidade em Portugal, a primeira metade de 2025 parece estar a trazer uma inversão da tendência. Na primeira metade deste ano, nasceram mais 966 bebés em território nacional do que nos primeiros seis meses de 2024. Os dados do “teste do pezinho” avançados ao PÚBLICO pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) indicam que, entre Janeiro e Junho, foram estudados 42.250 recém-nascidos no âmbito do Programa Nacional de Rastreio Neonatal, mais 966 do que no mesmo período do ano passado (41.284).
Apesar de estes dados dizerem respeito ao número de recém-nascidos estudados no âmbito do programa e não ao número total de nascimentos em Portugal, o “teste do pezinho” rastreia algumas doenças graves em todos os recém-nascidos e é um forte indicador, quase em tempo real, do aumento ou diminuição da natalidade de ano para ano — a cobertura do programa é actualmente superior a 99% dos recém-nascidos.
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O número de bebés estudados através deste programa estava a crescer desde 2021, depois de uma quebra nos anos da pandemia de covid-19. O ano de 2024 marcou, assim, a primeira descida, ainda que ligeira, desde o período pandémico, tendo o número total de bebés rastreados baixado de 85.764 em 2023 para 84.631 em 2024.
Os dados do INSA indicam que Janeiro foi, novamente, o mês que registou o maior número de nascimentos (7670), seguido de Maio (7349) e Junho (7076). Foi no mês de Fevereiro (6371) que nasceram menos bebés. À semelhança do que aconteceu no ano passado, Lisboa foi, sem surpresas, o distrito com mais bebés estudados, num total de 13.007, um valor semelhante ao registado no mesmo período do ano passado (12.794). O Porto foi o segundo distrito com mais rastreios: 7432, um número mais alto do que o de 2024 (7157). Como também aconteceu no ano passado, Setúbal (3329) e Braga (3175) ocupam o terceiro e quarto lugares, Faro o quinto (2174).
Mas, apesar de o maior número de rastreamentos ter sido registado em distritos do litoral, foi no interior que foi contabilizada a maior subida percentual em relação a 2024: em Bragança, por exemplo, o número de bebés rastreados pelo “teste do pezinho” subiu 13,5%, passando de 229 recém-nascidos na primeira metade do ano de 2024 para 260 no mesmo período de 2025. O mesmo aconteceu em Portalegre, que passou de 248 bebés rastreados para 278 (variação de 12,1%) e em Beja, distrito que registou um total de 538 testes entre Janeiro e Junho de 2025, uma variação de 11,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em sentido inverso, Santarém (- 2,4%) e Guarda (- 5%) registaram a maior descida percentual.
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Olhando para o total de bebés estudados, os distritos que estão nos últimos lugares da tabela são Bragança (260), Guarda (326) e Portalegre (278). Os Açores e a Madeira apresentam valores muito semelhantes, com 930 e 835 recém-nascidos rastreados, respectivamente.
Em 2022 e 2023, Portugal voltou a ultrapassar a barreira dos 80 mil nascimentos, após a quebra histórica da natalidade em 2021. Antes deste mínimo registado em 2021 (79.217 nascimentos), o número mais baixo tinha sido verificado em 2014, com 83.100 exames realizados no país, e o mais alto no ano de 2000 (118.577), segundo revelou a agência Lusa no ano passado. No ano passado, apesar de ter sido registada uma ligeira diminuição, o país terminou o ano com 84.631 recém-nascidos estudados.
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O teste de rastreio de algumas doenças graves, o chamado “teste do pezinho”, é realizado desde 1979 no âmbito do Programa Nacional de Rastreio Neonatal (PNRN). Deve ser feito entre o terceiro e o sexto dia de vida do recém-nascido. Antes disso, os valores dos marcadores existentes no sangue do bebé podem não ter valor de diagnóstico e após o sexto dia alguns marcadores perdem sensibilidade, havendo o risco de atrasar o início do tratamento, segundo explica o INSA.
Com uma picada no calcanhar do bebé, colhe-se sangue para o papel de filtro da ficha de colheita, que, depois de seco, é enviado, pessoalmente ou pelo correio, para a Unidade de Rastreio Neonatal. O teste permite detectar algumas doenças graves — desde o hipotiroidismo congénito à fibrose quística, atrofia muscular espinal e 24 doenças hereditárias do metabolismo — que clinicamente são muito difíceis de diagnosticar nas primeiras semanas de vida e que, mais tarde, podem provocar atraso mental, alterações neurológicas graves, alterações hepáticas ou até situações de coma. Segundo o instituto, os resultados deste rastreio têm sido muito positivos e milhares de doentes foram “rastreados e tratados logo nas primeiras semanas de vida, evitando-se graves problemas de saúde”.
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