Dezenas de imigrantes venezuelanos detidos numa prisão em Bluebonnet, no estado norte-americano do Texas, enviaram esta semana uma mensagem ao mundo exterior: “S.O.S.”. Através de um drone, a agência Reuters fotografou o pedido de ajuda. 

Os detidos fazem parte de um grupo que, há uma semana, foram acusados pelas autoridades migratórias norte-americanas de serem membros do gang venezuelano Tren de Aragua, embora estes e os seus advogados o neguem e não tenham sido presentes a tribunal, e que chegaram a ser guiados até a um aeroporto no Texas onde estariam prestes a ser enviados para o CECOT, uma prisão de alta segurança em El Salvador. Uma ordem do Supremo Tribunal dos Estados Unidos suspendeu o processo de deportação, mas os indivíduos permanecem detidos em Bluebonnet.

À Reuters, familiares de sete dos detidos reiteraram que estes não terão qualquer ligação a grupos criminosos, e que recusaram assinar uma confissão apresentada pelas autoridades. O recurso da agência noticiosa a um drone surgiu depois de os jornalistas terem sido impedidos de aceder à prisão.

Entre os venezuelanos fotografados está Jeferson Escalona, de 19 anos, e Diover Millan, de 24. Ambos negam pertencer ao Tren de Aragua. Escalona foi detido após não ter obedecido a uma ordem de paragem numa operação stop. Pediu para regressar voluntariamente à Venezuela após a detenção, mas tal foi-lhe negado. Em relação a Millan, a Reuters não encontrou qualquer registo criminal.

Centenas de milhares de venezuelanos fugiram para os Estados Unidos ao longo das últimas décadas devido ao colapso económico, à insegurança e à perseguição política no seu país. Gozavam até recentemente de um estatuto de protecção legal, de carácter humanitário, que impedia a sua deportação.

A Administração Trump tenta agora revogar esse estatuto, e tem recorrido a uma lei datada de 1798 para expulsar venezuelanos sob a alegação de filiação no Tren de Aragua, gang que Washington equipara a uma organização terrorista. Perante a recusa de Caracas em receber cidadãos deportados, os EUA têm estado a enviá-los para o CECOT, pagando ao governo salvadorenho de Nayib Bukele para manter os imigrantes detidos.

Investigações da Bloomberg e da CBS realizadas em Abril concluíram que a larga maioria (entre 75% a 90%) de um grupo de mais de 200 venezuelanos enviados para El Salvador não tinha qualquer registo criminal nos EUA, colocando em causa o rigor do processo que levou à sua expulsão.