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Se eu não burlar portugueses vou comer onde?

Investigação SIC

A investigação SIC descobriu grupo que, a partir de Moçambique, se dedica a burlar portugueses pela internet.

Aurélio, nome fictício, 81 anos, pensava ter voltado a encontrar o amor. Na rede social Facebook, uma mulher chamada Karen dizia o que o idoso, do centro do país, queria ouvir.

“Como apelavam muito ao carinho, “meu amor, gosto muito de ti”, esse género de discurso, ele acabou por se deixar enredar, apesar dos alertas dos filhos”, conta a filha à Investigação SIC.

Viúvo há 3 anos e ativamente em busca de companhia, Aurélio tornou-se num alvo fácil para os burlões.

“Eles sabem aquilo que essas pessoas em contexto isolado necessitam e sabem adequar o conteúdo daquilo que estão a dizer a essas pessoas”, explica à SIC o inspetor-chefe da Polícia Judiciária, Bernardino Martins.

Só a PJ recebe mais de 2 queixas por dia, em média, de casos como este, de burla romântica.

Os pedidos de dinheiro começaram rapidamente. A família não tem a certeza do real valor que o idoso perdeu neste esquema. “Eu penso que serão perto de 30 mil euros”, atira a filha.

“As pessoas são de tal forma envolvidas emocionalmente que acabam por fazer um primeiro pagamento, um segundo…”, conta o subitentente da PSP Nelson Ribeiro. “Temos vítimas que chegam a fazer empréstimos, temos situações concretas de empréstimos a rondar os 20 mil euros”, acrescenta.

Só até final de março a PSP recebeu mais de 30 queixas por burlas deste género.

No caso de Aurélio, as transferências foram feitas para pelo menos 7 contas abertas em bancos portugueses. Todas em nomes de homens que Aurélio não conhece e com quem nunca falou. O dinheiro que transferia não se destinava a eles, mas às mulheres com quem falava pelo Facebook e, sobretudo, pelo WhatsApp.

A Investigação SIC entrou nesta burla romântica e seguiu o rasto às transferências bancárias até aos verdadeiros cérebros do esquema: um grupo de jovens que está em Moçambique e que, com perfis falsos nas redes sociais e múltiplos cartões de telemóvel se faz passar por várias pessoas. No caso de Aurélio, fizeram-se passar por uma mulher, pela sua mãe, pela enfermeira, pela diretora do banco, contabilista e até pela própria polícia.

Um dos burlões confessa que o esquema lhes rendeu dezenas de milhares de euros: “As pessoas usam uma conta no banco. Eu tenho acesso a essa conta que está em Portugal. O dinheiro entra na conta deles e eles mandam para mim, para a minha conta e eu dou para as pessoas que são os burlões.”

Descoberto pela SIC, o grupo assumiu o esquema e mostrou alguns dos bens que tem adquirido com o produto da burla: equipamento informático, telemóveis topo de gama, eletrodomésticos e até um equipamento de ar condicionado.

Questionado sobre os motivos por que se dedica a burlar portugueses na internet, o grupo responderam prontamente e a várias vozes:

“Este aqui diz que eu não posso andar a burlar pessoas. Mas está maluco? Vamos comer onde? Se eu não burlar portugueses vamos comer aonde?”

  • Investigação SIC: Conte-nos o que merece ser denunciado através do email [email protected]

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