Dos mercados asiáticos aos Estados Unidos, passando pela Europa, as bolsas desvalorizaram e os investidores procuraram refúgio nas obrigações soberanas. O anúncio das tarifas recíprocas de Donald Trump trouxeram aos mercados o que estes menos gostam: instabilidade. Para Nuno Oliveira Matos, da Associação de Investidores e Analistas Técnicos de Mercados de Capitais (ATM), enquanto não houver uma estabilização, a volatilidade continuará.
“O sentimento é de medo. Tudo aquilo que aconteceu a semana passada foi além das piores expectativas que os analistas previam. Estas tarifas que foram impostas, de facto, ultrapassaram as piores expectativas que o mercado antecipava. E tudo o que o mercado não antecipa faz com que a reação seja aquela que nós vimos”, afirma em entrevista ao Negócios no NOW”.
Esta terça-feira, os mercados estão mais calmos mas Nuno Oliveira Matos acredita que são “recuperações temporárias”, pois “há agora um período, muito provavelmente, de negociações políticas onde se vão tentar suavizar estas tarifas, mas ainda assim, enquanto este contexto persistir, a volatilidade continuará. É aquilo que os analistas chamam de volatilidade condicionada”.
Quanto a conselhos para enfrentar estes tempos mais agitados, a palavra chave é “calma”. “Se alguma recomendação eu pudesse dizer aos investidores era para manterem a calma, porque vender de uma forma precipitada, em pânico, é sempre mau, é sempre realizar menos-valias que, porventura, no amanhã, no médio prazo, poderiam ter sido evitadas. Esse é claramente um dos conselhos, é manterem a calma, a tormenta não dura sempre, depois da tormenta vem a bonança e a bonança virá, não sabemos quando, ninguém tem uma bola de cristal, mas essa bonança virá.”, aconselha.
“Existem depois outras técnicas, ferramentas, que os investidores podem utilizar, como ter portefólios bem diversificados. Seria interessante também ponderarem, porventura, investir em setores que não estão correlacionados ou não muito correlacionados com estas tarifas norte-americanas e com exportações para os Estados Unidos, como porventura a defesa, que vai ser um setor de grande crescimento exponencial desde logo aqui na União Europeia. Defesa e energias renováveis, setores como estes que não estão muito correlacionados com exportações para a União Europeia, porventura serão bons setores para continuar a investir”, conclui.
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