Vivo Novidades

Blog Post

Vivo Novidades > Cultura e Entretenimento > “The Pickup”: quando até o motor da ação vai abaixo…

“The Pickup”: quando até o motor da ação vai abaixo…

A HISTÓRIA: Uma simples recolha de dinheiro complica-se quando Russell e Travis são emboscados por um grupo de criminosos liderado pela astuta Zoe. No meio do caos, esta dupla improvável enfrenta perigos inesperados num dia que parece não ter fim.

“The Pickup”: na Amazon Prime Video desde 6 de agosto.


Crítica: Manuel São Bento
(Aprovado no Rotten Tomatoes. Membro de associações como OFCS, IFSC, OFTA. Veja mais no portfolio).

Num ano repleto de produções esquecíveis e lançamentos que passam despercebidos, “The Pickup” surge como mais um produto cinematográfico a cumprir calendário. Com um marketing praticamente inexistente e expectativas extremamente baixas – principalmente tendo em conta os nomes envolvidos – este “heist flick”, escrito por Kevin Burrows & Matt Mider (“The Package”) e realizado por Tim Story (“Shaft” (2019)), nunca deu sinais de querer ser mais do que um filme de sexta-feira à noite, rapidamente consumido e imediatamente esquecido. E, infelizmente, é exatamente isso que acaba por ser.

“The Pickup” concentra a sua história em torno de um trio improvável: um segurança recém-contratado (Pete Davidson, “O Rei de Staten Island”), outro segurança mais experiente (Eddie Murphy, “O Príncipe Volta a Nova Iorque”) e uma criminosa charmosa com intenções dúbias (Keke Palmer, “Nope”). Juntos, veem-se envolvidos num golpe que se complica a cada novo passo. O argumento tenta construir uma narrativa de assalto com doses equilibradas de comédia e ação, mas limita-se a uma combinação genérica de ideias recicladas, sem qualquer inovação ou identidade própria.

The Pickup” data-title=”The Pickup – “The Pickup”: quando até o motor da ação vai abaixo… – SAPO Mag”> The Pickup
The Pickup

Desde os primeiros minutos, “The Pickup” revela-se uma obra absolutamente formulaica, seguindo à risca todos os clichés do subgénero de heist movies: planos mirabolantes que correm mal, traições previsíveis, perseguições de carro, tiroteios e, claro, a inevitável “reviravolta” final que qualquer espectador atento antecipa ainda antes do filme começar. A única variação possível neste tipo de histórias prende-se com a execução – algo que Story, infelizmente, não demonstra ter qualquer intenção de diferenciar ou elevar.

Existem alguns pontos positivos, mesmo que escassos. A dinâmica entre os três protagonistas – Murphy, Davidson e Palmer – consegue arrancar alguns sorrisos. As trocas de diálogos são simples, sim, mas há um certo entretenimento inerente ao contraste de personalidades. Davidson continua a demonstrar um carisma natural e descontraído que funciona bem em papéis cómicos, enquanto Murphy consegue brilhar ocasionalmente com o seu timing e expressões característicos. No entanto, é Palmer quem mais impressiona, mesmo estando completamente acima do material que lhe é oferecido. A atriz possui uma presença magnética e um talento dramático que merecem projetos com mais substância.

O único verdadeiro destaque técnico de “The Pickup” reside numa perseguição automóvel cativante, que acontece perto do final do primeiro ato. Trata-se de uma sequência surpreendentemente bem coreografada, com recurso a acrobacias práticas que fazem lembrar os bons velhos tempos dos filmes de ação antes do domínio absoluto dos efeitos digitais. A duração da cena e o investimento na sua realização revelam um vislumbre do que o filme poderia ter sido. É uma pena, no entanto, que o clímax escolha seguir o caminho oposto: efeitos visuais evidentes, fundos em pano verde notório e lógica narrativa completamente ausente. É raro sentir a necessidade de criticar a coerência interna de uma narrativa – especialmente num género que, por definição, já pede alguma suspensão da descrença – mas “The Pickup” abusa tanto da conveniência e da falta de lógica que se torna impossível ignorar.

The Pickup” data-title=”The Pickup – “The Pickup”: quando até o motor da ação vai abaixo… – SAPO Mag”> The Pickup
The Pickup

Tematicamente, não existe qualquer subtexto, metáfora ou reflexão. Não há comentário social, desenvolvimento de personagens digno de nota, nem sequer uma tentativa de explorar algo mais profundo do que a superfície genérica da sua premissa. O cinema tem, claro, espaço para obras que visam unicamente entreter – nem todos os projetos precisam de ser densos ou intelectualmente estimulantes – mas há uma diferença entre um bom filme escapista e um produto preguiçoso. “The Pickup” insere-se claramente no segundo grupo. A ausência de tensão, o ritmo irregular e a falta de consequências emocionais tornam a experiência tão leve que rapidamente desaparece da memória. Mesmo os momentos de humor são inconstantes, oscilando entre piadas eficazes e outras completamente fora de tom.

Conclusão

“The Pickup” é mais um exemplo de como talento desperdiçado, falta de ambição e preguiça criativa resultam num filme que falha em praticamente todos os níveis. Apesar de possuir um elenco com potencial e uma ou outra sequência inspirada, a produção nunca consegue sair do lugar-comum. Comédia de ação genérica, narrativa previsível, humor inconsistente e um vazio temático completo – é difícil justificar o tempo investido nesta visualização. A não ser que seja fã incondicional de algum dos envolvidos, esta é uma boleia que mais vale não apanhar.

#Pickup #quando #até #motor #ação #vai #abaixo..

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *