As tarifas de Donald Trump estão a atirar as bolsas globais para níveis que não se viam desde a pandemia, com os investidores a incorporarem os receios de uma recessão global à medida que a guerra comercial mina a confiança de empresas e consumidores. E há cada vez mais a expectativa de que os bancos centrais venham a cortar juros para aumentar a liquidez no mercado – e até que o possam fazer de emergência sem esperar pelas reuniões política monetária.
As tarifas ainda não estão totalmente em vigor e podem ser objeto de negociação. Se forem aplicadas, a maioria dos economistas prevê um relançamento da inflação. O presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, disse na sexta-feira que os efeitos dos preços podem ser temporários ou revelar-se “mais persistentes”. O abrandamento do crescimento dos salários poderá ter um impacto nos rendimentos das famílias, o que seria um golpe para o consumo e poderia, por sua vez, levar os empregadores a despedirem pessoal e a reduzir o investimento – mesmo num ambiente de custos de empréstimos mais baratos.
“Os grandes choques estão normalmente associados a efeitos não lineares e a consequências indesejadas“, escreveram os economistas do JPMorgan Chase & Co., liderados por Bruce Kasman, numa nota aos clientes. O banco de investimento está entre os que já ajustaram as perspectivas económicas, tendo passado a antecipar que os EUA vão entrar este ano em recessão.
Neste novo cenário, os investidores aumentaram as expectativas de que a Fed reduza as taxas de juro cinco vezes no equivalente a 125 pontos-base. Os “swaps” mostram também uma probabilidade de quase 40% de o banco central baixar a sua taxa de referência em 25 pontos base já na próxima semana, muito antes da agendada reunião de 7 de maio.
Antes disso, já na próxima semana, tem o Banco Central Europeu (BCE) marcada a sua reunião de política monetária. E também neste caso estão a ser revistas as expectativas. Os mercados monetários esperam agora mais quatro cortes de juros na Zona Euro no total do ano, a começar por uma redução de 25 pontos-base a 17 de abril. Após o “Dia da Libertação”, a presidente Christine Lagarde afirmou que as tarifas vão “desestabilizar o mundo do comércio, tal como o conhecemos”, mas sem dar pistas sobre mudanças na política monetária.
Há um ativo em específico a contrariar a tendência global negativa e a beneficiar deste ajustamento de expectativas dos juros dos bancos centrais: a dívida pública alemã. A “yield” das Bunds a dois anos chegou a tombar até 20 pontos-base para pouco acima de 1,6% – o nível mais baixo desde outubro de 2022 – antes de aliviar. No caso do prazo benchmark, os 10 anos, o juro das Bunds recua 4,2 pontos-base para 2,611%.
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