O Financial Times (FT) avança em primeira mão que os Estados Unidos e a União Europeia podem ter chegado a um acordo sobre tarifas comerciais, replicando o acordo assinado entre os norte-americanos e o Japão. Os bens europeus importados seriam sujeitos a uma taxa de 15%, à semelhança do que acontece aos produtos nipónicos. Minutos depois da notícia do FT, os índices de Wall Street respondem positivamente ao anúncio desta alegada reconciliação comercial.

Vão ficar isentos destas taxas certo tipo de produtos e bens, tais como bebidas alcoólicas, aeronaves e aparelhos de Saúde.

A Comissão Europeia (CE) planeava submeter tarifas de retaliação sobre 93 mil milhões de euros (109 mil milhões de dólares) em produtos norte-americanos para aprovação pelos Estados-membro da UE. O principal objectivo era alcançar uma solução negociada com os Estados Unidos para evitar as tarifas de 30% que o Presidente norte-americano, Donald Trump, disse que iria impor ao bloco de 27 países da UE a partir de 1 de Agosto.

O Comissário Europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, falará com Lutnick a partir de Bruxelas na tarde desta quarta-feira, informou a CE, antes que os responsáveis da mesma informem os embaixadores da UE sobre o estado das negociações.

A Comissão poderá ter sido impulsionada pelo acordo inicial alcançado entre os Estados Unidos e o Japão. As acções europeias subiram cerca de 1%, lideradas pelas acções do sector automóvel, depois de Trump ter renovado as esperanças de um acordo comercial com a UE, após o acordo entre os EUA e o Japão, que inclui uma taxa base de 15%.

Uma característica marcante do acordo foi que a mesma taxa se aplica aos carros, em contraste com a actual tarifa dos EUA de 25%, algo que a UE pode querer para os seus níveis semelhantes de exportação de automóveis.

Em 2024, os EUA importaram mais de 55 mil milhões de dólares em veículos e peças automóveis do Japão. Da UE, o valor equivalente foi de 47,3 mil milhões de euros (55,45 mil milhões de dólares), com muito menos modelos norte-americanos vendidos para o mercado da UE ou do Japão.

Responsáveis da UE afirmam que Washington tem mostrado poucos sinais de ceder sobre as tarifas de automóveis, mas o acordo com o Japão pode apontar um caminho.

O representante do Governo alemão disse que as relações EUA-Japão não são comparáveis às que existem entre a UE e os Estados Unidos.

Analistas do UBS disseram que era difícil fazer suposições sobre um possível acordo UE-EUA, mas afirmaram que, a menos que a UE conseguisse um acordo, os fabricantes japoneses de automóveis estariam em vantagem.

A Volkswagen e a BMW recusaram-se a comentar. Diplomatas da UE estavam relutantes em fornecer comentários iniciais, preferindo dizer que estavam a analisar os pormenores do acordo EUA-Japão, como o facto de o Japão comprar mais arroz aos Estados Unidos, mas manter as tarifas existentes sobre os produtos agrícolas.

Simon Evenett, professor de Geopolítica e Estratégia na IMD Business School, afirmou que a taxa de 15% era inferior àquilo que Trump tinha recentemente ameaçado impor ao Japão e que era notável que esta se aplicasse aparentemente aos carros japoneses. “O que quer que os japoneses tenham conseguido será o mínimo para os objectivos de negociação da UE”, disse ele.