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Veteranos lanceiros denunciam “abandono” de antigas instalações na Ajuda, em Lisboa | Património

“Abandono” e “degradação” – estas são as palavras que a Associação Veteranos Lanceiros de Portugal usa para descrever o estado das antigas instalações do Regimento de Lanceiros N.º 2, na Calçada da Ajuda, em Lisboa. Para o local chegou a estar previsto um “campus da Defesa”, mas o projecto não avançou. Questionado pelo PÚBLICO sobre a situação, o Ministério da Defesa responde que estas instalações estão entre as infra-estruturas que o ministro visitará “nas próximas semanas” para avaliar “possibilidades” para o seu futuro.

O comunicado enviado para as redacções deixa bem clara a insatisfação dos veteranos lanceiros. “A degradação atingiu níveis inimagináveis, o que indigna todos os antigos lanceiros de Portugal que serviram nesta unidade de elite da cavalaria portuguesa”, afirma-se na nota enviada pela Associação Veteranos Lanceiros de Portugal. Nesse comunicado, realça-se que nada se fez no espaço desde 2015, a altura em que os lanceiros deixaram as instalações e foram transferidos para o quartel da Amadora.

No comunicado, que vem acompanhado com fotografias do actual estado das antigas instalações, os veteranos lanceiros referem que a vegetação tem “invadido” o seu brasão e que a degradação é visível no local.

Fernando Rego, presidente da direcção da associação, diz ao PÚBLICO que “os anos estão a passar e as instalações estão cada vez mais degradadas”. “Não se entende o porquê de não haver um tratamento especial no cuidado destas instalações que são a casa-mãe dos lanceiros de Portugal”, afirma, adiantando que a associação tem recebido queixas sobre a situação a que o edificado chegou.



Veteranos lanceiros dizem estar “tristes” com o estado a que as suas antigas instalações chegaram
DR

“O estado é lastimável… As ervas invadem o nosso símbolo na parada, os azulejos estão a ser subtraídos e vendidos nas feiras, e há vandalismo”, enumera Fernando Rego. O representante dos veteranos lanceiros salienta que “não há cuidado pela segurança das instalações”, o que, para si, mostra que “não há respeito pela história dos lanceiros de Portugal”. “São quase 200 anos de história e não se entende o porquê deste tratamento da unidade”, nota.

Fernando Rego indica que a associação solicitou às entidades responsáveis pelas instalações que seja feita uma intervenção urgente de manutenção do regimento. O presidente da associação relembra que, desde 2018, se tem vindo a falar de um projecto de um “campus da Defesa” para o local para que fossem instalados na Calçada da Ajuda serviços do Ministério da Defesa. Em 2021, o PÚBLICO noticiava que o projecto estaria pronto três anos após a adjudicação, tal como indicava o ministro da Defesa de então, João Gomes Cravinho

“O campus da Defesa foi prometido, mas até hoje não foi concretizado”, evidencia Fernando Rego. “Os veteranos lanceiros estão extremamente tristes, desanimados e completamente devastados com o [tratamento] que está a ser dado ao monumento”, afirma, informando que antigos comandantes têm enviado mensagens a agradecer a denúncia feita pela associação. Fernando Rego realça ainda que os lanceiros estão “muito preocupados” com o seu próprio futuro e a “falta” de investimento do Governo português.

Questionado sobre o estado de conservação das instalações e sobre a requalificação que se pretende para o local, o Ministério da Defesa indica que o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, visitará o local, ainda sem data definida. “O Regimento de Lanceiros N.º 2 e outras infra-estruturas das Forças Armadas serão visitadas nas próximas semanas pelo ministro da Defesa Nacional, com vista ao apuramento do respectivo estado de conservação e avaliação de possibilidades relativamente ao futuro”, informa-se numa resposta enviada por e-mail ao PÚBLICO.

Nessa mesma resposta, nota-se que a “manutenção e recuperação do património, que a actual tutela recebeu em estado de deficiente conservação, são prioridades que o ministro da Defesa Nacional estabeleceu para o mandato”. Indica-se ainda que “serão também lançados nos próximos dias vários projectos de recuperação de património edificado do Exército”.

Que instalações são estas?

As antigas instalações do quartel dos lanceiros começaram a ser construídas em 1791, para que fossem usadas pela infantaria e cavalaria, indica-se no site do instituto público Património Cultural. A partir de 1833, constitui-se no local o Regimento de Lanceiros da Rainha, que, em 1976, recebe o nome de “Regimento de Lanceiros de Lisboa”, passando ainda, em 1993, a designar-se “Lanceiros N.º 2”. As instalações têm um edifício de comando, casernas, duas paradas, picadeiro, cavalariças, arrecadações, instalações desportivas ou oficinas. Estão incluídas na Zona Especial de Protecção do Palácio Nacional de Belém.

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