Um dia depois do Presidente da Câmara de Loures ter apontado o dedo ao movimento Vida Justa, começaram a chegar as reações. “Sempre conduzimos as pessoas para os serviços da Câmara. Nem os serviços estavam preparados para o número de pessoas que foram colocadas nesta situação habitacional”, disse Kedy Santos, membro da Vida Justa e deputado municipal da CDU na Câmara Municipal de Loures, num programa da SIC Notícias, esta quarta-feira. A resposta tinha como objetivo contrariar as declarações de Ricardo Leão que acusou o movimento de “proibir” as pessoas do Bairro do Talude Militar, cujas habitações foram alvo de demolições no princípio do mês, de contactar os serviços de apoio da Câmara.
Ao contrário das declarações do autarca socialista, o ativista garante que o movimento Vida Justa “não está a favor” de construções ilegais e que até demoveram pessoas de construir no Bairro do Talude Militar, onde já ocorreram demolições de mais de 50 casas ilegais.
O autarca socialista disse ainda existirem negócios de venda de casas ilegais naquela zona por valores acima dos dois mil euros, sobre os quais a Câmara de Loures já fez queixa ao Ministério Público. A isso, Kedy Santos disse apenas que “no meio da pobreza e frustração” pode haver quem se tente “aproveitar da fragilidade das pessoas”.
Entre asajudas dadas pela Câmara Municipal de Loures às pessoas que ficaram sem casa, está a possibilidade de financiar as primeiras rendas a quem encontre uma casa para arrendar no mercado privado. O deputado municipal lembrou que este apoio não é consequente já que é “quase impossível” encontrar uma casa em Loures abaixo dos 500 euros e a maioria dos afetados ganham o salário mínimo. “Não estão só lá a viver imigrantes. Temos motoristas da Carris, pessoas que trabalham nos lares, que prestam serviços fundamentais no concelho de Loures“, apontou. Estão ainda sinalizadas 88 crianças.
Kedy Santos pediu uma “concertação” entre as autarquias e o Governo central para dar resposta à crise da habitação tanto em Loures como noutras zonas do país. Além disso, lembrou que já existem mecanismos do Estado como o programa “Porta de Entrada” destinado a situações de alojamento urgente de pessoas que estão sem teto “em resultado de acontecimento imprevisível ou excecional”, lê-se no site do Portal da Habitação.
Neste momento, dezenas de famílias, incluindo com menores, continuam a pernoitar ao relento junto aos destroços ou em tendas improvisadas. Apesar das queixas dos moradores em relação aos apoios dados pela Câmara, o autarca eleito pelo PS insiste que apenas dorme na rua “quem quer” já que a autarquia fornece “apoio social” a quem a procura.
Antes do deputado municipal, já o movimento Vida Justa tinha publicado um comunicado em que repudiava as declarações de Ricardo Leão. Os ativistas acusam o autarca de “mentir” tanto sobre a atuação do movimento como sobre os apoios dados pela Câmara Municipal aos moradores. “Insinuou que a Vida Justa é uma rede criminosa, numa tentativa vergonhosa de criminalizar a participação cívica e política de quem luta por justiça. Não aceitaremos esta tentativa de silenciamento”, lê-se no comunicado publicado nas redes sociais. Segundo os próprios, este movimento é formado apenas por “pais, mães, jovens e idosos” que se organizaram para tentar “garantir dignidade” às famílias.
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