O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) prevê um decréscimo de 11% na produção de vinho este ano. O comunicado sobre a previsão de vindima na actual campanha, 2024/2025 foi enviado esta segunda-feira às redacções, no mesmo dia em que a Comissão Europeia veio antecipar uma quebra histórica na produção de vinho no velho continente.
De acordo com as estimativas do IVV, “decorrentes da auscultação feita às entidades regionais do sector, a produção de vinho deverá diminuir em Portugal em cerca de 11% face à campanha passada, para um volume de 6,2 milhões de hectolitros”. A cumprir-se esta previsão, será uma quebra em volume de “cerca de 12% fase à média das últimas cinco” vindimas.
As regiões onde a produção apresentará maiores quebras são o Douro (-20%), Lisboa (-15%) e Alentejo (-15%), sendo que no geral das três regiões a quebra será “superior a 650 mil hectolitros”. Há mais regiões com previsões de decréscimo de produção, embora com quebras menores: Vinhos Verdes, Trás-os-Montes, Tejo e Península de Setúbal terão quebras estimadas de 5%, na Madeira a redução será um pouco maior, de 8%.
De acordo com a mesma nota de imprensa, Bairrada e Távora-Varosa não apresentam variações, terão produções semelhantes às de 2024, enquanto Dão (+15%), Beira Interior (+10%), Algarve (+4%) e Açores (+105%) registarão um “aumento face à campanha anterior”. Não é a primeira vez que os Açores apresentam uma variação positiva tão impressionante, mas isso acontece sempre depois de um mau ano vitícola. Foi assim, por exemplo, na campanha de 2022/2023.
O instituto relaciona a sua estimativa com os dados que recolheu junto das regiões e que dão conta de que “a instabilidade meteorológica ao longo do ciclo vegetativo da videira — precipitação intensa na primavera, combinada com períodos de temperaturas elevadas — favoreceu o desenvolvimento de doenças fúngicas, em especial o míldio”. Por outro lado, “a evolução das condições climáticas até à vindima — nomeadamente o risco de escaldão — será determinante para a quantidade e qualidade da colheita”, é referido.
Menos vinho, mais azeite
A Comissão Europeia prevê uma quebra menor para a produção de vinho em Portugal: 8%. Na edição do verão de 2025 do seu relatório sobre as perspectivas a curto prazo dos mercados agrícolas da União Europeia (UE), aquela entidade informa prever que os mercados agrícolas da UE crescerão 1,1% este ano e 1,5% em 2026, mas antecipa uma quebra histórica no vinho.
De acordo com o relatório divulgado esta segunda-feira pelo executivo comunitário, a produção de vinho deverá ficar 10% abaixo da média de cinco anos, com uma quebra anual de 5%, para um mínimo histórico de 20 anos (137 milhões de hectolitros) no período de 2024/2025.
Isto deve-se, segundo Bruxelas, a uma quebra de 25% da produção vinícola em França, de 11% na Alemanha e 8% em Portugal, que os aumentos de 15% em Itália e de 10% em Espanha não compensam.
Já a produção de azeite está a recuperar acentuadamente, com um aumento até Junho de 37% que levou a uma baixa dos preços. Enquanto a produção de aves de capoeira deverá também crescer, apoiada por uma procura crescente e as entregas de leite permanecem estáveis, antecipa a Comissão.
Para além do vinho, as perspectivas de produção registam uma tendência decrescente para o açúcar e a carne de ruminantes.
Entretanto, a inflação dos produtos alimentares na UE continua a ser superior à geral (3,1% contra 2,2% em Maio), embora se observe alguma estabilidade — ou mesmo deflação — em algumas categorias de produtos alimentares.
Apesar dos níveis historicamente elevados, os agricultores da UE registaram recentemente uma estabilização dos custos dos factores de produção.
O mesmo relatório antecipa que os preços do petróleo desçam, embora as tensões no Médio Oriente possam afectar esta situação.
As instabilidades geopolíticas, os desafios relacionados com o clima e a evolução das políticas comerciais dos principais atores mundiais, como os EUA e a China, constituem ameaças à estabilidade dos mercados mundiais e da UE, adverte Bruxelas.
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