Após ter fechado a melhor semana desde 2023, Wall Street estendeu os ganhos para esta segunda-feira, em que terminou mais uma sessão no verde. As bolsas norte-americanas têm vivido sessões de grande volatilidade, alimentada pelas reviravoltas em relação às tarifas da Administração dos EUA sobre os parceiros comerciais. Este fim de semana, a guerra comercial tornou a sofrer mudanças, depois de Donald Trump ter isentado alguns produtos eletrónicos de consumo – como computadores e smartphones – das tarifas recíprocas. Ainda que o alívio seja temporário, o otimismo pintou os mercados de verde.
Os analistas começam a concluir que há limite para a agressividade da Administração de Trump com estas medidas. “A incerteza ainda é alta e a volatilidade pode permanecer elevada”, disse Chris Larkin, do Morgan Stanley, que acrescenta que, se a recuperação se der no curto prazo, os investidores precisam de ver mais sinais de “flexibilidade” da Casa Branca em relação às tarifas. Ainda assim, não deixam de lado os impactos económicos que estas medidas irão ter nas economias de todo o mundo. Enquanto o Governo insiste que a arquitetura das tarifas foi “cuidadosamente construída”, os críticos veem o comércio sujeito aos “caprichos de um presidente transacional”, diz a Bloomberg.
O S&P 500 valorizou 0,79% para 5.405,97 pontos, o tecnológico Nasdaq Composite avançou 0,64% para 16.831,48 pontos e o industrial Dow Jones saltou 0,78% para 40.524,79 pontos.
A Apple foi a empresa que mais beneficiou em bolsa com esta notícia e chegou a subir 8%, já que os investidores acreditam que há espaço para negociações nestas tarifas, que, caso avancem, podem duplicar o custo de produção dos iPhones e, consequentemente, o preço de venda. A empresa acabou o dia a somar 3%, depois também de as vendas do iPhone terem subido 10% no primeiro trimestre.
Já a Nvidia ganhou 0,4%, também depois de ter anunciado que vai construir duas fábricas em território norte-americano para produzir os seus equipamentos – sobretudo o “chip” Blackwell e supercomputadores -, isto para escapar às tarifas de Trump e ao possível aumento de preços. Neste momento, grande parte da produção da gigante de tecnologia está concentrada na Ásia.
Ainda nas tecnológicas, a Palantir saltou mais de 5%, depois de a Nato ter anunciado a compra do sistema militar de inteligência artificial da empresa. As ações chegaram a subir quase 10%. Já a Intel pulou mais de 3% após ter vendido mais de metade da sua participação na Altera à tecnológica Silver Lake.
As fabricantes de automóveis também registaram uma recuperação, depois de o Presidente dos EUA admitir abrir uma exceção para as peças de automóvel sujeitas a uma tarifa de 25%. Assim, a General Motors e a Ford subiram mais de 4%, enquanto a Tesla valorizou 0,44%.
O Goldman Sachs impulsionou também o setor da banca, após ter registado uma subida nos lucros dos primeiros três meses do ano. As ações da instituição financeira subiram mais de 2,5%.
Apesar do arranque da semana em alta, os analistas não veem com bons olhos as ações norte-americanas. O Citigroup reviu em baixa as expetativas quanto às bolsas nova-iorquinas, afirmando os investidores preferem cada vez mais uma carteira de ativos diversificada, à medida que a guerra comercial escala e poderá impactar, sobretudo, os lucros empresariais.
“O pior pode já ter passado, mas a costa não está livre”, disse Michael Wilson, do Morgan Stanley. “A pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas e as novas isenções dadas durante o fim de semana diminuem a probabilidade de uma recessão a curto prazo, mas a incerteza continua elevada, a Fed está em suspenso e as taxas de juro de referência são um vento contrário”, acrescenta. Apesar da incerteza, a maioria dos estrategas ainda espera que S&P 500 recupere até ao final do ano.
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