Arranca esta sexta-feira o Festival Sotaques. A iniciativa apadrinhada pelos Wet Bed Gang, em parceria com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, vai decorrer até domingo. É em Vialonga, no Parque Urbano da Quinta da Flamenga, lugar onde os membros da banda cresceram, se conheceram e ainda vivem, que os rappers vão estrear mais um passo na sua carreira, tocando pela primeira vez em casa. O PÚBLICO falou com Kroa e Zizzy Jr., dois dos membros da banda, sobre o que se pode esperar do festival.
Cachupa, funge ou bacalhau com natas vão ser algumas das ementas disponíveis, naquele que é um festival celebrativo da multiculturalidade e dos vários “sotaques” que compõem Vialonga em particular e Portugal em geral. Bonga, Deejay Telio, Regula, Mizzy Miles, Soraia Ramos Força Suprema, Mariza e Djodje constam, entre outros, de um alinhamento que, para além de uma grande aposta no hip-hop, respira lusofonia: “É a altura certa para perceber que dentro do parâmetro lusófono há muita boa música, e é uma boa altura para dar dar voz à música lusófona e dar-lhe mais valor”, argumenta Kroa, um dos membros do grupo.
Para além dos Wet Bed Gang, também Nenny e Phoenix RDC, outros grandes nomes do cartaz, “jogam em casa”, sendo igualmente naturais de Vialonga. No entanto, é muito mais o talento deste lugar que vai actuar no Parque Urbano da Quinta da Flamenga este fim-de-semana: “Queríamos trazer um pouco de tudo aquilo que existe em Vialonga. O que não é conhecido no mainstream, mas a que reconhecemos o devido valor”, diz por sua vez Zizzy Jr.
Entre esses artistas estão Xibi e Tchoras MC, Ultimo Rasta, Yendi, o Grupo Unido das Batucadeiras de Vialonga e a Orquestra de Vialonga. Este “ambiente familiar”, como o descreve Zizzy, que vai marcar a convivência no backstage, estende-se ainda a Soraia Ramos, já que a cantora criada na Arrentela também vai ter a sua família de Vialonga a ouvi-la cantar, ou Bonga, avô do Ultimo Rasta, um dos jovens talentos do festival. De resto, e percorrendo o alinhamento deste primeiro Sotaques, explica Kroa: “Todos os artistas têm uma relação muito natural connosco, e foram pessoas que apareceram na nossa trajectória artística de forma muito natural e muito respeitosa.”
Foi através de uma proposta da Junta de Freguesia de Vialonga para a banda actuar no Verão naquela que é a sua casa que a ideia começou a ganhar forma. Apesar de o concerto não ter ido para a frente, as conversas levaram o projecto dos Wet Bed Gang a seguir adiante. Assim nasceu o festival, cujo nome tem origem na música Sotaques, do último álbum, da banda, Gorilleyez: “Quando eu lanço, deixo a V-Block em destaque/ Cá existem talentos com vários sotaques”.
E é precisamente na “V-block”, o lugar onde cresceram, que estes músicos pretendem dar o próximo passo na sua carreira: “Em Portugal existe aquela fórmula que já conhecemos: lanças o álbum, fazes uma Altice [actualmente Meo Arena], um Campo Pequeno, o que for, e vais fazer a tua tour. Não é fácil, mas é uma fórmula que resulta. Enquanto Wet Bed Gang, sempre tentámos ser o mais fora da caixa possível, mas estávamos muito mais preocupados em fazer uma coisa diferente, uma coisa maior. Se eu esgotar uma Altice Arena, não é um feito inédito. Fazer um festival é um feito inédito”, sublinha Zizzy.
Apesar de estarem pensadas novas asas para este projecto no futuro, o rapper afirma que ainda não é tempo de as revelar: “O melhor é fazer isto correr bem, desfrutar, e depois de tudo acontecer começar a pensar nas próximas coisas.”
“Vai ser um festival para toda a gente, dos mais velhos aos mais novos, das cinco da tarde até às duas da manhã. Às cinco da tarde os miúdos podem vir logo para aqui, porque vamos ter muitos divertimentos para eles. Nos palcos secundários vamos ter os talentos emergentes a cantar e mostrar o seu trabalho. À noite, vamos ter os concertos grandes. Vai ser uma festa de comunidade. Uma festa de Vialonga como não se vê há muito tempo.”
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