As conversações que o Presidente dos EUA, Donald Trump, tem mantido com vários líderes mundiais, incluindo o Presidente russo, Vladimir Putin, “não são suficientes para formar um plano” de paz para pôr fim à guerra da Ucrânia, disse esta sexta-feira o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Ainda assim, Zelensky sublinhou os sinais “fortes”, embora “variados” que chegam a partir da Casa Branca para tentar alcançar uma solução para o conflito que está prestes a assinalar três anos e mostrou-se disponível para se sentar à mesa das negociações. “Disse ao Presidente Trump que estou preparado para conversar em qualquer altura, sem condições. Estamos preparados para discutir tudo, desde o envio de tropas até à [adesão à] NATO”, afirmou o chefe de Estado ucraniano.
Porém, Zelensky voltou a acusar Putin de não estar interessado em alcançar a paz na Ucrânia e deu o exemplo do ataque contra a central nuclear de Tchernobil esta sexta-feira– que Moscovo nega.
Zelensky prestou declarações à chegada à Conferência de Munique, o encontro anual que debate a segurança na Europa, horas antes de um encontro com o vice-presidente norte-americano, J. D. Vance. Questionado sobre a reunião, Zelensky pareceu desvalorizá-la dizendo que “há algumas decisões que só podem ser tomadas ao nível dos presidentes”.
A guerra na Ucrânia deverá dominar as discussões em Munique, sobretudo depois do anúncio de que Trump e Putin falaram ao telefone recentemente acerca das bases para um futuro acordo de paz para a guerra na Ucrânia, alimentando os receios de que Kiev e a União Europeia sejam afastados do processo negocial.
Aos jornalistas, Zelensky voltou a recordar que a única “linha vermelha” que mantém como pré-condição para quaisquer negociações com Moscovo é o reconhecimento das ocupações territoriais. “Legalmente, nunca iremos reconhecer estes territórios como russos ou algo do género – eles são ucranianos”, declarou Zelensky.
A Rússia controla actualmente cerca de 20% do território ucraniano internacionalmente reconhecido, correspondendo à Península da Crimeia, anexada em 2014, e partes de quatro províncias (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjjia), anexadas em 2022.
Esta semana, o secretário da Defesa dos EUA, Peter Hegseth, afirmou que o regresso às fronteiras ucranianas anteriores a 2014 é um “objectivo irrealista” e afastou a possibilidade de uma adesão da Ucrânia à NATO como parte das negociações.
Admitindo a recusa da nova Administração norte-americana em discutir a adesão da Ucrânia à NATO – algo que vai ao encontro do que tem sido exigido pela Rússia –, Zelensky disse não excluir o seu adiamento, mas sublinhou que o mais relevante são as garantias de segurança. A Ucrânia, tal como vários dos seus parceiros europeus, acredita que se não houver um reforço das suas capacidades de defesa e uma garantia de apoio dos EUA, a Rússia irá voltar a atacar o país e, potencialmente, a própria NATO.
Foi isso mesmo que Zelensky sugeriu ao citar dados dos serviços de informação ucranianos que apontam para que a Rússia esteja a “preparar uma guerra contra países da NATO no próximo ano”. O Presidente ucraniano não deu mais pormenores, mas sublinhou a necessidade de aumentar a capacidade de dissuasão dando garantias de segurança à Ucrânia.
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